Promovido pela
CSMIA, com apoio da CSEI, o 15º Seminário de Planejamento Estratégico
Empresarial debateu temas como perspectivas para o setor agrícola,
macroeconomia, financiamento, gestão de vendas, inovação e tecnologia
Desoneração
total dos investimentos, incentivo às exportações, financiamentos
competitivos, apoio à inovação e desenvolvimento tecnológico. As
principais bandeiras da ABIMAQ foram ressaltadas por Carlos Pastoriza,
presidente do Conselho de Administração da associação na abertura do 15º
Seminário de Planejamento Estratégico Empresarial 2016, que teve como
tema “Desafios para o Planejamento de 2016”. Realizado pela CSMIA
(Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas), com apoio da CSEI
(Câmara Setorial de Equipamentos de Irrigação), no dia 02 de outubro,
na sede da ABIMAQ, o evento promoveu a apresentação de palestras de
diversos especialistas e debates, para um público de mais de 150
executivos da indústria de máquinas e implementos agrícolas.
Na
abertura do seminário, Pastoriza reforçou a necessidade de “arrumar a
casa”, aumentar o market share em relação aos importados no mercado
interno e aumentar as exportações. “Sabemos que Brasília este ano não
vai poder ajudar. Estamos lutando para administrar os retrocessos, que
sabíamos que haveriam. Temos que fazer nosso dever de casa e estamos
fazendo. Se não tivéssemos atuado, a situação estaria ainda pior. A
ABIMAQ está fazendo tudo para melhorar a produtividade do portão das
fábricas para dentro. O que é possível, estamos fazendo, mas ainda não é
suficiente. Estamos no nosso limite e abertos a sugestões e críticas”,
afirmou Pastoriza, destacando os principais temas trabalhados pela
associação em 2015 em prol do setor: NR-12 – adequações na legislação,
Bloco K – alterações na legislação, Reintegra, desoneração da folha,
PSI-Finame, Regimes Especiais, Proex, Modermaq, reversão da crise no
setor de O&G, ex-tarifários, reforma do PIS-Cofins e reforma
tributária.
Educação e tecnologia
Marcio
Santos, presidente da CSEI, também destacou a necessidade de investir
no “dever de casa” e a importância da educação como a principal
necessidade no processo de planejamento. “A crise é ruim, sim, mas temos
que fazer o que tem que ser feito. Dentro da nossa câmara, por exemplo,
estamos tendo que acordar mais cedo e ir embora mais tarde. O que
podemos fazer para melhorar a técnica? Como empresários e executivos,
nosso papel é educar. A produtividade vai ser a junção da tecnologia com
a capacidade de pilotar as máquinas. Se o juro é alto, concordo, eu não
consigo brigar com o juro. Eu consigo melhorar a produtividade. Quando
nos abordam e falam ‘ah, mas vocês estão bem’, digo que não, não
estamos, porque não existe uma coisa que seja boa para somente um. Não
faz sentido se não for bom para todos”, afirmou.
A
educação também foi apontada como solução para o setor por João Pinto
Rabelo Júnior, secretário adjunto da Secretaria de Política Econômica do
Ministério da Fazenda, que declarou: “Educação é o grande caminho. O
convite que fazemos a todos vocês é que possam investir nos seus
clientes, para que eles possam usufruir das máquinas tão bem desenhadas
por vocês, da melhor maneira possível. Participem deste esforço da
educação não só dos seus colaboradores, mas também dos seus clientes. Há
um grande espaço no campo que depende da transferência de tecnologia e
educação".
Meio ambiente e inovação
Segundo
Evaristo Eduardo de Miranda, chefe-geral da Embrapa Monitoramento por
Satélite, o agricultor se comporta como qualquer investidor: “Cada um
faz seus raciocínios. Mas temos que dar a ele elementos para decidir o
que é melhor e os recursos para se adaptar às alterações climáticas. A
agricultura está totalmente de acordo em salvar o planeta daqui a 50
anos, mas o pequeno agricultor quer saber antes como salvar a lavoura
deste ano. O que é gerir bem a irrigação, por exemplo? Não deixar
acontecer o que está acontecendo, não deixar ter déficit e não ter
excesso de água. Hoje há tecnologia para isso”.
Segundo
ele, a inovação está acontecendo no campo, e há pessoas desenvolvendo
máquinas e gerando oportunidade para a inovação no setor, com objetivos
de cortar custos, reduzir tempo e melhorar a qualidade da produção. “Há
um grande espaço para o desenvolvimento de máquinas para a pequena
produção, sobretudo na aquicultura”, alertou Miranda.
Mais Alimentos
Lucas
Ramalho, diretor do programa Mais Alimentos, representando o ministro
do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, apresentou dados
demonstrando resultados da aposta na agricultura familiar. Segundo ele, o
Mais Alimentos, programa de incentivo para a produção e compra de
máquinas apropriadas a pequenas propriedades rurais, financiou
aproximadamente 30% dos 64 mil tratores produzidos no Brasil no ano
passado. O diretor destacou também o Programa Mais Alimentos
Internacional, que exporta máquinas e implementos de ponta para a
produção de alimentos em outros países, oferecendo condições especiais.
De
acordo com Ramalho, mesmo em um cenário econômico restritivo, o crédito
para a agricultura familiar teve um aumento de 20%, chegando a R$ 28,9
bilhões, e as taxas se mantém abaixo da inflação. “O Brasil sabe que
esse clima de incerteza não é bom. O desafio é fazer uma grande aliança
pelo Brasil, para voltar à normalidade política e econômica”, reforçou,
acrescentando que a tendência é que o governo continue investindo no
setor, área estratégica para o desenvolvimento nacional.
“A
ABIMAQ traz bons debates para travarmos como agenda pública. Grandes
agendas que temos que discutir para o Brasil. Vocês podem contar com o
MDA para buscarmos um Brasil mais justo, mais democrático, com mais
emprego e mais renda para nossa população”, ressaltou Ramalho.
Macroeconomia
Segundo
Octávio Manoel Rodrigues de Barros, economista-chefe do Bradesco, o
Brasil precisa aperfeiçoar suas quatro agendas para tentar mudar a
história da economia: “Agenda da governança orçamentária” (foco na
qualidade dos gastos públicos); “agenda do aumento da potência da
política monetária” (redução do dualismo do crédito e menor indexação
com objetivo do recuo da inflação); “agenda da produtividade” (doing
business, tributária, trabalhista, educação e abertura) e “agenda da
infraestrutura” (foco no mercado de capitais e BNDES e garantias de
segurança jurídica)
Para
Barros, este ano será de ajustes e em 2016 será o momento de definir o
rumo do Brasil. “O próximo ano será histórico porque marcará se queremos
virar um país de renda alta no futuro distante ou permanecer na
armadilha da renda média”.
Na
ocasião, o economista apresentou pesquisa feita pelo Bradesco, com 905
empresas, sobre a idade das máquinas e equipamentos dos diferentes
setores industriais. No levantamento foi mostrado que no setor de bens
de capital a idade média do parque fabril é de 9,6 anos. Para os
empresários entrevistados, o maquinário mais novo tem 2,4 anos e o mais
antigo tem 21,3 anos.
Planejamento
Na
oportunidade, Pedro Estevão Bastos, presidente da CSMIA, expôs o que as
empresas precisam fazer para melhorar o planejamento orçamentário de
vendas: “É importante conhecer as variáveis, como o market share, os
fatores econômicos e sociais que impactam diretamente no negócio”.
Bastos
também ressaltou a necessidade de elaborar modelos matemáticos de
previsão de vendas, revisar o plano mensalmente e inserir programas
internos para ter velocidade de adaptação às mudanças. “As reuniões da
CSMIA e os dados estatísticos do setor são fundamentais para fazer
‘check’ da direção geral da previsão de vendas”.
Colaboradores
organizados com objetivos bem definidos, ações de marketing mais
eficientes, otimização de recursos, diminuição da ocorrência de estoque
excessivo e minimizar a perda de vendas por falta de produtos são alguns
dos benefícios, apontados por Bastos, das empresas que realizam uma boa
previsão de vendas.
Mercado agrícola
Para
André Pessoa, sócio-diretor do Grupo Agroconsult, o drama do setor
agrícola é a questão do crédito. “Nós temos um gigante desafio do ponto
de vista de como gerar e onde encontrar crédito. Para sair dessa
situação vamos ter que reinventar a forma de financiar e isso passa em
dar mais espaço aos bancos privados”.
De
acordo com Pessoa, a sugestão é entrar no mercado de capitais.
“Infelizmente, não estamos preparados para a transição do tamanho que o
banco público ocupou nos últimos anos. No entanto, quanto mais cedo
entendermos que essa mudança virá, mais curta e eficiente fica a
alteração”.