quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Seminário de Planejamento Estratégico Empresarial discute desafios para 2016

Promovido pela CSMIA, com apoio da CSEI, o 15º Seminário de Planejamento Estratégico Empresarial debateu temas como perspectivas para o setor agrícola, macroeconomia, financiamento, gestão de vendas, inovação e tecnologia

Desoneração total dos investimentos, incentivo às exportações, financiamentos competitivos, apoio à inovação e desenvolvimento tecnológico. As principais bandeiras da ABIMAQ foram ressaltadas por Carlos Pastoriza, presidente do Conselho de Administração da associação na abertura do 15º Seminário de Planejamento Estratégico Empresarial 2016, que teve como tema “Desafios para o Planejamento de 2016”. Realizado pela CSMIA (Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas), com apoio da CSEI (Câmara Setorial de Equipamentos de Irrigação), no dia 02 de outubro, na sede da ABIMAQ, o evento promoveu a apresentação de palestras de diversos especialistas e debates, para um público de mais de 150 executivos da indústria de máquinas e implementos agrícolas.

Na abertura do seminário, Pastoriza reforçou a necessidade de “arrumar a casa”, aumentar o market share em relação aos importados no mercado interno e aumentar as exportações.  “Sabemos que Brasília este ano não vai poder ajudar. Estamos lutando para administrar os retrocessos, que sabíamos que haveriam. Temos que fazer nosso dever de casa e estamos fazendo. Se não tivéssemos atuado, a situação estaria ainda pior. A ABIMAQ está fazendo tudo para melhorar a produtividade do portão das fábricas para dentro.  O que é possível, estamos fazendo, mas ainda não é suficiente. Estamos no nosso limite e abertos a sugestões e críticas”, afirmou Pastoriza, destacando os principais temas trabalhados pela associação em 2015 em prol do setor: NR-12 – adequações na legislação, Bloco K – alterações na legislação, Reintegra, desoneração da folha, PSI-Finame, Regimes Especiais, Proex, Modermaq, reversão da crise no setor de O&G, ex-tarifários, reforma do PIS-Cofins e reforma tributária.

Educação e tecnologia

Marcio Santos, presidente da CSEI, também destacou a necessidade de investir no “dever de casa” e a importância da educação como a principal necessidade no processo de planejamento. “A crise é ruim, sim, mas temos que fazer o que tem que ser feito. Dentro da nossa câmara, por exemplo, estamos tendo que acordar mais cedo e ir embora mais tarde. O que podemos fazer para melhorar a técnica? Como empresários e executivos, nosso papel é educar. A produtividade vai ser a junção da tecnologia com a capacidade de pilotar as máquinas. Se o juro é alto, concordo, eu não consigo brigar com o juro. Eu consigo melhorar a produtividade. Quando nos abordam e falam ‘ah, mas vocês estão bem’, digo que não, não estamos, porque não existe uma coisa que seja boa para somente um. Não faz sentido se não for bom para todos”, afirmou.

A educação também foi apontada como solução para o setor por João Pinto Rabelo Júnior, secretário adjunto da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, que declarou: “Educação é o grande caminho. O convite que fazemos a todos vocês é que possam investir nos seus clientes, para que eles possam usufruir das máquinas tão bem desenhadas por vocês, da melhor maneira possível. Participem deste esforço da educação não só dos seus colaboradores, mas também dos seus clientes. Há um grande espaço no campo que depende da transferência de tecnologia e educação". 

Meio ambiente e inovação

Segundo Evaristo Eduardo de Miranda, chefe-geral da Embrapa Monitoramento por Satélite, o agricultor se comporta como qualquer investidor: “Cada um faz seus raciocínios. Mas temos que dar a ele elementos para decidir o que é melhor e os recursos para se adaptar às alterações climáticas. A agricultura está totalmente de acordo em salvar o planeta daqui a 50 anos, mas o pequeno agricultor quer saber antes como salvar a lavoura deste ano. O que é gerir bem a irrigação, por exemplo? Não deixar acontecer o que está acontecendo, não deixar ter déficit e não ter excesso de água. Hoje há tecnologia para isso”. 

Segundo ele, a inovação está acontecendo no campo, e há pessoas desenvolvendo máquinas e gerando oportunidade para a inovação no setor, com objetivos de cortar custos, reduzir tempo e melhorar a qualidade da produção. “Há um grande espaço para o desenvolvimento de máquinas para a pequena produção, sobretudo na aquicultura”, alertou Miranda. 

Mais Alimentos

Lucas Ramalho, diretor do programa Mais Alimentos, representando o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, apresentou dados demonstrando resultados da aposta na agricultura familiar. Segundo ele, o Mais Alimentos, programa de incentivo para a produção e compra de máquinas apropriadas a pequenas propriedades rurais, financiou aproximadamente 30% dos 64 mil tratores produzidos no Brasil no ano passado. O diretor destacou também o Programa Mais Alimentos Internacional, que exporta máquinas e implementos de ponta para a produção de alimentos em outros países, oferecendo condições especiais. 

De acordo com Ramalho, mesmo em um cenário econômico restritivo, o crédito para a agricultura familiar teve um aumento de 20%, chegando a R$ 28,9 bilhões, e as taxas se mantém abaixo da inflação. “O Brasil sabe que esse clima de incerteza não é bom. O desafio é fazer uma grande aliança pelo Brasil, para voltar à normalidade política e econômica”, reforçou, acrescentando que a tendência é que o governo continue investindo no setor, área estratégica para o desenvolvimento nacional. 

“A ABIMAQ traz bons debates para travarmos como agenda pública. Grandes agendas que temos que discutir para o Brasil. Vocês podem contar com o MDA para buscarmos um Brasil mais justo, mais democrático, com mais emprego e mais renda para nossa população”, ressaltou Ramalho.

Macroeconomia 

Segundo Octávio Manoel Rodrigues de Barros, economista-chefe do Bradesco, o Brasil precisa aperfeiçoar suas quatro agendas para tentar mudar a história da economia: “Agenda da governança orçamentária” (foco na qualidade dos gastos públicos); “agenda do aumento da potência da política monetária” (redução do dualismo do crédito e menor indexação com objetivo do recuo da inflação); “agenda da produtividade” (doing business, tributária, trabalhista, educação e abertura) e “agenda da infraestrutura” (foco no mercado de capitais e BNDES e garantias de segurança jurídica)

Para Barros, este ano será de ajustes e em 2016 será o momento de definir o rumo do Brasil. “O próximo ano será histórico porque marcará se queremos virar um país de renda alta no futuro distante ou permanecer na armadilha da renda média”.

Na ocasião, o economista apresentou pesquisa feita pelo Bradesco, com 905 empresas, sobre a idade das máquinas e equipamentos dos diferentes setores industriais. No levantamento foi mostrado que no setor de bens de capital a idade média do parque fabril é de 9,6 anos. Para os empresários entrevistados, o maquinário mais novo tem 2,4 anos e o mais antigo tem 21,3 anos.   

Planejamento

Na oportunidade, Pedro Estevão Bastos, presidente da CSMIA, expôs o que as empresas precisam fazer para melhorar o planejamento orçamentário de vendas: “É importante conhecer as variáveis, como o market share, os fatores econômicos e sociais que impactam diretamente no negócio”.

Bastos também ressaltou a necessidade de elaborar modelos matemáticos de previsão de vendas, revisar o plano mensalmente e inserir programas internos para ter velocidade de adaptação às mudanças. “As reuniões da CSMIA e os dados estatísticos do setor são fundamentais para fazer ‘check’ da direção geral da previsão de vendas”. 

Colaboradores organizados com objetivos bem definidos, ações de marketing mais eficientes, otimização de recursos, diminuição da ocorrência de estoque excessivo e minimizar a perda de vendas por falta de produtos são alguns dos benefícios, apontados por Bastos, das empresas que realizam uma boa previsão de vendas.   

Mercado agrícola 

Para André Pessoa, sócio-diretor do Grupo Agroconsult, o drama do setor agrícola é a questão do crédito. “Nós temos um gigante desafio do ponto de vista de como gerar e onde encontrar crédito. Para sair dessa situação vamos ter que reinventar a forma de financiar e isso passa em dar mais espaço aos bancos privados”.

De acordo com Pessoa, a sugestão é entrar no mercado de capitais. “Infelizmente, não estamos preparados para a transição do tamanho que o banco público ocupou nos últimos anos. No entanto, quanto mais cedo entendermos que essa mudança virá, mais curta e eficiente fica a alteração”.

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