Como temos observado nas seguidas leituras da Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE, o comércio não poderia estar imune ao ritmo hesitante da economia brasileira em 2014: as vendas do setor desaceleraram mês a mês em relação ao ano de 2013. Após longo período em que cresceu a taxas de dois dígitos, o fato é que o varejo avança atualmente abaixo de 3% em termos anuais.
Se considerado o varejo ampliado, computados resultados de veículos e construção civil, o desempenho cai para uma média de crescimento negativo – puxado pelo primeiro grupo. Em dezembro de 2014, a Fecomércio RJ foi a campo sondar esse movimento. A maioria dos empresários do estado do Rio de Janeiro (64%) afirmou que as condições atuais da economia nacional apresentaram deterioração em relação aos últimos seis meses.
Após anos de forte expansão, o mercado de crédito voltado ao consumo passou por moderação. O alto custo da tomada de financiamentos, agravado pelo aperto monetário em curso, inibiu a expansão das concessões, também inibida pelo recuo dos incentivos fiscais. Ainda assim, o saldo das operações segue com crescimento descolado da média da economia – na casa dos 11% anuais. A relação crédito/PIB já alcança 58%, enquanto a inadimplência geral – de famílias e empresas – mantém-se em apenas 3%.
Nesse cenário, ganha relevância o grau de credibilidade das ações indicadas pela nova equipe econômica. O maior compromisso com o controle do gasto público, se efetivado, resultará na continuidade de um ritmo ameno de crescimento, mas renderá frutos a partir do segundo semestre. Com o dever de casa feito, contas públicas e inflação em ordem, a confiança de consumidores e empresários tende a crescer e, com isso, o consumo das famílias e o investimento.
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