Na história da música, poucos clipes conseguiram unir ousadia, arte e simbolismo como aqueles gravados no topo de grandes arranha-céus. Entre eles, dois momentos se destacam: o lendário vídeo dos Beatles, filmado no alto de um prédio em Londres, e o marcante clipe dos U2, gravado sobre a Torre Sul do World Trade Center, em Nova York. Em comum, ambos transformaram o cenário urbano em palco e o céu em testemunha de performances inesquecíveis.
Os Beatles e o show que parou Londres
Em 30 de janeiro de 1969, o mundo testemunhou algo inédito: os Beatles subiram ao topo da sede da Apple Corps, na Savile Row, para o que seria sua última apresentação ao vivo. Sem aviso prévio, o grupo iniciou o show que encerraria o documentário Let It Be. Aquele telhado londrino se tornou palco da música “Get Back”, e o som ecoou pelas ruas, atraindo centenas de pessoas curiosas que pararam para ouvir o quarteto de Liverpool.
O evento foi interrompido pela polícia após cerca de 40 minutos, mas o impacto foi eterno. O show no alto do prédio virou símbolo de liberdade, rebeldia e despedida de uma era. A performance inspirou gerações e abriu caminho para uma nova forma de unir música e cidade — transformando o concreto em espetáculo.
U2 e o topo do mundo antes da tragédia
Mais de três décadas depois, outra banda usou as alturas para emocionar o público. Em 2000, o U2 lançou o clipe de “Where the Streets Have No Name”, mas foi com “Stuck in a Moment You Can’t Get Out Of” e, principalmente, com as filmagens promocionais do álbum All That You Can’t Leave Behind que o grupo registrou imagens no topo da Torre Sul do World Trade Center.
As cenas, captadas pouco antes dos atentados de 11 de setembro de 2001, tornaram-se ainda mais simbólicas após a destruição das torres. Bono e sua banda, conhecidos por explorar temas de espiritualidade e esperança, transformaram aquele cenário — que representava poder e modernidade — em um marco visual de uma era que terminaria tragicamente.
Alturas como metáfora
Tanto os Beatles quanto o U2 compreenderam que tocar nas alturas vai além do gesto físico: é uma metáfora sobre alcançar o impossível. O topo do prédio se transforma em um altar da música, um espaço entre o chão e o céu, onde o som se mistura com o vento e o horizonte se torna parte da cena.
Esses clipes permanecem como registros de dois tempos diferentes, mas conectados pela mesma ousadia artística. Os Beatles mostraram que a música podia romper muros — literalmente —, enquanto o U2 eternizou uma paisagem que desapareceria pouco tempo depois. Em ambos os casos, a arte ficou acima de tudo, até das nuvens.
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