Lançada em 1993, “Zombie”, da banda The Cranberries, é uma das músicas mais marcantes dos anos 1990 — e continua viva até hoje, reinterpretada em diversos estilos e redescoberta por novas gerações. Escrita pela vocalista Dolores O’Riordan, a canção nasceu como um grito de dor e protesto, mas também se transformou em um hino atemporal sobre a violência, a perda e a resistência.
Um grito pela paz em tempos de conflito
“Zombie” foi composta após um atentado ocorrido em Warrington, na Inglaterra, em 1993, durante o conflito da Irlanda do Norte, conhecido como “The Troubles”. Dois garotos morreram em uma explosão causada pelo IRA (Exército Republicano Irlandês). Profundamente abalada, Dolores escreveu a letra durante uma turnê, movida pela indignação e pela tristeza diante da repetição da violência.
O refrão — “With their tanks and their bombs, and their bombs and their guns” — é um desabafo direto, que denuncia o ciclo interminável de guerras e ideologias que ceifam vidas inocentes. Ao contrário de muitas músicas pop da época, “Zombie” trazia uma mensagem política e emocionalmente carregada, com uma força quase espiritual.
A sonoridade crua que marcou os anos 90
A canção se destacou pelo som pesado e distorcido, um contraste com o estilo mais suave que o The Cranberries vinha apresentando até então. Guitarras grunge, bateria marcante e a voz poderosa de Dolores criaram um hino alternativo que se tornou símbolo da década.
O clipe, dirigido por Samuel Bayer (o mesmo de “Smells Like Teen Spirit”, do Nirvana), reforçou o impacto da música. Gravado em Belfast, mistura cenas de conflito, tanques, crianças e a icônica imagem de Dolores pintada de dourado diante de uma cruz — uma metáfora visual sobre inocência, dor e sacrifício.
Um sucesso que atravessou o tempo
“Zombie” conquistou o topo das paradas em diversos países, consolidando o The Cranberries como uma das maiores bandas irlandesas da história. Décadas depois, a música segue presente nas plataformas digitais, acumulando bilhões de reproduções e sendo redescoberta por novas gerações através das redes sociais.
O que surpreende é sua versatilidade: a canção foi reinterpretada em diversos estilos — do heavy metal ao acústico, passando pelo pop, eletrônico, sertanejo e até versões corais. Cada nova leitura traz uma nova emoção, mas todas mantêm a força da mensagem original.
Versões que viralizaram
Nos últimos anos, a música voltou às paradas com força total graças a covers emocionantes. Em 2018, a banda Bad Wolves lançou uma versão de “Zombie” em homenagem a Dolores O’Riordan, que faleceu pouco antes de gravar uma nova colaboração com eles. A releitura uniu o metal moderno ao espírito da original, e arrecadou fundos para os filhos da cantora.
Outras versões, de artistas como Miley Cyrus, Juliana Vieira e bandas independentes no YouTube e TikTok, também viralizaram, mostrando que “Zombie” ultrapassa fronteiras linguísticas e culturais. Cada performance reacende o impacto emocional da música, transformando-a em um símbolo universal de protesto e empatia.
O legado de Dolores O’Riordan
Dolores O’Riordan, com sua voz inconfundível e presença magnética, deixou uma marca indelével na história da música. Sua interpretação intensa e sincera em “Zombie” é uma das mais poderosas já registradas no rock. Mesmo após sua morte em 2018, sua voz continua ecoando, provando que músicas com alma nunca morrem.
“Zombie” não é apenas uma canção de protesto — é uma lembrança eterna de que a arte tem o poder de unir, emocionar e transformar.
E, mais de 30 anos depois de seu lançamento, ela segue viva, inspirando artistas e ouvintes de todas as idades, em todos os cantos do mundo.
> “In your head, in your head, they are crying…”Uma frase simples, mas que continua a ecoar na consciência coletiva — como um chamado à reflexão e à paz.
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