sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Trajetória de Paulo Maluf: do engenheiro ao político polêmico

Paulo Salim Maluf, nascido em 3 de setembro de 1931, em São Paulo, é um dos nomes mais conhecidos e controversos da política brasileira. Engenheiro de formação, formado pela Escola Politécnica da USP, Maluf iniciou sua carreira pública ainda jovem, aproveitando o prestígio de sua família de origem libanesa, tradicional no meio empresarial. Com grande habilidade em comunicação e forte presença nos bastidores, ele construiu uma carreira marcada por feitos administrativos, mas também por uma extensa lista de acusações e processos que acompanharam seu nome ao longo de décadas.

O início de sua trajetória política aconteceu nos anos 1960, quando foi indicado prefeito de São Paulo pela ditadura militar, em 1969. Durante sua gestão, Maluf ficou conhecido por obras de grande impacto urbano, como a construção do Elevado Costa e Silva, popularmente chamado de “Minhocão”, além de viadutos, avenidas e projetos de infraestrutura que mudaram a paisagem da capital paulista. Essas marcas deram a ele a imagem de administrador prático, alguém que “fazia” — uma imagem que o acompanharia por toda a sua vida pública.

Nos anos 1970, Maluf consolidou-se como figura de peso dentro da Arena (partido de sustentação do regime militar) e, em 1979, assumiu o governo do Estado de São Paulo. Sua gestão foi marcada por grandes obras, como a construção da Marginal Tietê, a ampliação de rodovias e projetos habitacionais. Ao mesmo tempo, começaram a surgir questionamentos sobre os custos dessas empreitadas e suspeitas de corrupção.

Na década de 1980, já com a redemocratização, Maluf se tornou uma figura central do chamado “malufismo”, corrente política que o sustentava como candidato a cargos executivos e legislativos. Ele disputou a eleição indireta para presidente em 1985, sendo derrotado por Tancredo Neves no Colégio Eleitoral. Apesar disso, manteve forte influência política, principalmente em São Paulo. Voltou à prefeitura da capital em 1993, quando apostou novamente em obras viárias, como túneis, avenidas e a reurbanização de áreas centrais.

A carreira de Maluf, no entanto, passou a ser cada vez mais associada a denúncias de corrupção e lavagem de dinheiro. Internacionalmente, seu nome apareceu em investigações que apontaram contas secretas no exterior e desvios milionários de recursos públicos. No Brasil, tornou-se alvo de inúmeros processos, chegando a ser preso em 2017 após condenação por lavagem de dinheiro.

Apesar das acusações, Maluf sempre manteve um eleitorado fiel. Suas campanhas eram conhecidas pelo bordão “rouba, mas faz”, que, embora polêmico, refletia a imagem que parte da população tinha dele: um político acusado de irregularidades, mas responsável por obras visíveis e de grande impacto. Ao longo dos anos, foi deputado federal, cargo que ocupou até seus últimos anos de vida pública, exercendo forte influência no Congresso.

A trajetória de Paulo Maluf é um retrato das contradições da política brasileira: um administrador que deixou marcas concretas nas cidades e no Estado que governou, mas que também se tornou símbolo da corrupção e dos escândalos envolvendo dinheiro público. Figura carismática, habilidoso em discursos e negociações, Maluf atravessou diferentes fases da história política nacional, do regime militar à democracia.

Hoje, seu nome é lembrado tanto pelas obras que transformaram São Paulo quanto pelos processos que mancharam sua carreira. Paulo Maluf, com sua longa trajetória, representa um capítulo importante — e polêmico — da política brasileira.

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