terça-feira, 30 de setembro de 2025

O Edifício Copan: Ícone Paulistano de História, Curiosidades e Tradições

Poucos edifícios no Brasil carregam tanta força simbólica quanto o Copan, em São Paulo. Localizado no coração da capital paulista, na Avenida Ipiranga, o prédio é uma verdadeira cidade vertical, um organismo vivo que pulsa dia e noite, refletindo a diversidade, os contrastes e a intensidade da maior metrópole do país. Sua história mistura arquitetura, cultura, vida urbana e uma série de curiosidades que, até hoje, fazem do Copan um dos maiores símbolos da cidade.

A origem de um gigante moderno

O Copan foi projetado pelo renomado arquiteto Oscar Niemeyer, a partir de um pedido da Companhia Pan-Americana de Hotéis, em 1951, durante as comemorações do IV Centenário de São Paulo. A ideia era erguer um edifício moderno, ousado, que unisse moradia, comércio e lazer em um só espaço. A obra, no entanto, enfrentou atrasos e só foi concluída em 1966, anos depois da inauguração oficial da cidade comemorativa.


Com seus 115 metros de altura, 1.160 apartamentos distribuídos em seis blocos e mais de 5 mil moradores, o Copan é considerado o maior edifício residencial da América Latina. Seu formato ondulado, inconfundível na paisagem do centro, traduz a visão futurista de Niemeyer e representa uma das maiores expressões da arquitetura modernista brasileira.

Uma cidade dentro da cidade

Morar no Copan é viver em um microcosmo urbano. Ali convivem famílias tradicionais, jovens artistas, imigrantes, idosos, executivos e pessoas de todas as classes sociais. A diversidade é a marca registrada do edifício, que se tornou reflexo fiel da pluralidade paulistana.

Além dos apartamentos, o térreo abriga uma galeria comercial com dezenas de lojas, restaurantes, bares, cabeleireiros, sebos e até igrejas. Muitos moradores afirmam que é possível passar dias sem sair do prédio, já que quase tudo se encontra ali dentro. Essa característica rendeu ao Copan a fama de “cidade vertical”.

Curiosidades e histórias marcantes

O Copan acumula curiosidades ao longo de sua trajetória:

População própria: estima-se que mais de 30 mil pessoas já tenham morado no edifício desde a sua inauguração. Hoje, cerca de 5 mil vivem ali, o equivalente a uma pequena cidade do interior.

Correios exclusivos: devido à quantidade de moradores, o edifício conta com uma agência própria dos Correios para atender às demandas do dia a dia.

Cinema e boemia: nos anos 1970 e 1980, o Copan foi reduto da vida cultural e noturna paulistana, com cinemas, bares e cafés que se tornaram ponto de encontro de intelectuais e artistas.

Símbolo pop: o edifício aparece em filmes, novelas, livros e até na música popular brasileira, consolidando-se como ícone cultural.

Tradição natalina: durante as festas de fim de ano, muitos apartamentos se iluminam, criando um mosaico de luzes que atrai a atenção de visitantes e turistas.

Organização e regras: para dar conta da administração, o Copan tem um dos maiores síndicos do país — na prática, uma equipe administrativa completa, que gerencia desde a limpeza de corredores até grandes obras de manutenção.

Desafios e revitalização

Apesar de sua grandiosidade, o Copan enfrenta desafios comuns ao centro de São Paulo: envelhecimento da estrutura, criminalidade no entorno e necessidade constante de manutenção. Recentemente, projetos de revitalização têm buscado preservar a arquitetura e reforçar a segurança, sem perder a essência vibrante do prédio.

Hoje, o edifício também é destino turístico. Sua fachada ondulada atrai fotógrafos do mundo inteiro, e visitas guiadas revelam os bastidores dessa gigantesca engrenagem urbana.

Um símbolo vivo da cidade

Mais do que concreto e curvas modernistas, o Copan representa a alma de São Paulo: caótica, plural, intensa, mas também cheia de histórias humanas, encontros inesperados e tradições próprias. O prédio respira a vida urbana em sua forma mais complexa e autêntica, consolidando-se como um monumento que vai além da arquitetura — é cultura, identidade e memória coletiva.

Assim, o Copan segue firme em sua missão não oficial: ser um retrato vivo da maior metrópole brasileira, em toda a sua grandeza e contradições.

domingo, 28 de setembro de 2025

Aeroporto de Congonhas: Tradição, Modernidade e Desafios no Coração de São Paulo

Poucos lugares traduzem tão bem a relação entre desenvolvimento urbano, mobilidade e desafios da modernidade quanto o Aeroporto de Congonhas, localizado na Zona Sul da capital paulista. Inaugurado em 12 de abril de 1936, ainda durante a era do governo Vargas, o aeroporto nasceu com a proposta de aproximar São Paulo do restante do país em um momento em que a aviação brasileira engatinhava.

A história de um símbolo paulistano

Construído em uma área então afastada do centro, Congonhas começou como um pequeno aeródromo, com pistas de grama e hangares simples. Nas décadas seguintes, especialmente nos anos 1950 e 1960, tornou-se o principal ponto de entrada e saída de passageiros para a maior metrópole do Brasil. Era o tempo de glamour da aviação comercial, quando voar era um privilégio para poucos.

Ao longo do tempo, Congonhas passou por sucessivas ampliações e modernizações. Em 1951, ganhou a famosa fachada modernista projetada por arquitetos da época, símbolo de uma São Paulo que crescia em ritmo acelerado. Já nos anos 1970, passou a dividir espaço com o recém-inaugurado Aeroporto de Cumbica (atual Guarulhos), que absorveu boa parte dos voos internacionais. Mesmo assim, Congonhas manteve sua relevância como o grande hub da aviação doméstica brasileira.

A importância estratégica

Hoje, o aeroporto opera principalmente voos de curta e média distância, conectando São Paulo a quase todas as capitais do país e aos principais polos econômicos. Pela sua localização central, a apenas 8 km da Avenida Paulista, é considerado um dos aeroportos mais práticos e movimentados da América Latina, com milhões de passageiros circulando todos os anos.

Para o setor corporativo, Congonhas é vital: executivos, políticos e empresários dependem dele para deslocamentos rápidos. Essa vocação faz com que seja chamado, por muitos, de “aeroporto dos negócios”.

Os perigos de pousar no coração da metrópole

Entretanto, a localização privilegiada também traz sérios riscos. Cercado por uma densa malha urbana, o aeroporto opera em condições que exigem precisão e cautela. Suas pistas são relativamente curtas para padrões internacionais, o que exige atenção redobrada dos pilotos, especialmente em dias de chuva.

Um dos episódios mais marcantes ocorreu em julho de 2007, quando um avião da TAM ultrapassou a pista durante o pouso em condições adversas, causando uma das maiores tragédias da aviação brasileira. O acidente reforçou a necessidade de melhorias estruturais e de segurança.

Entre as medidas adotadas, destaca-se a instalação da chamada EMAS (Engineered Materials Arrestor System), um sistema especial de escape nas cabeceiras da pista, capaz de reduzir o impacto em caso de ultrapassagem. Mesmo assim, os desafios permanecem, já que a expansão física do aeroporto é praticamente impossível devido ao crescimento urbano desordenado ao redor.

Congonhas hoje

Nos dias atuais, Congonhas passa por novas reformas e modernizações, buscando equilibrar tradição com inovação. O terminal de passageiros ganhou mais conforto, tecnologia e eficiência, adaptando-se às exigências de um público que cresceu em número e em expectativas.

Ainda assim, o debate sobre sua viabilidade a longo prazo continua. Muitos especialistas questionam até que ponto um aeroporto de tamanho limitado, encravado em uma das regiões mais populosas do Brasil, pode seguir operando com segurança máxima.

Símbolo de São Paulo

Mais do que um simples aeroporto, Congonhas é parte da identidade paulistana. Representa a velocidade, o dinamismo e também os riscos de uma cidade que nunca para de crescer.

Entre memórias de glamour, tragédias e modernizações, Congonhas segue firme, como um dos pontos mais importantes da aviação nacional. Um retrato vivo de como a mobilidade aérea se entrelaça com a vida urbana e com os desafios de viver na maior cidade do Brasil.

Vista Mar: experiência gastronômica em Ponta Negra pede mais equilíbrio no atendimento

Ponta Negra é, sem dúvida, um dos cartões-postais mais visitados de Natal. A praia concentra hotéis, bares e restaurantes que se tornaram ponto de encontro para turistas e moradores locais. Entre eles, o Vista Mar se destaca pela localização privilegiada e pela vista de tirar o fôlego. Estive no restaurante recentemente e, apesar do potencial, alguns detalhes chamaram a atenção e merecem ser discutidos de forma construtiva para aprimorar ainda mais a experiência do cliente.

Cardápio variado, mas pouca atenção ao individual

O cardápio do Vista Mar é amplo e oferece diversas opções que vão desde frutos do mar frescos até pratos tradicionais da culinária nordestina. Para grupos de amigos ou famílias, a variedade agrada bastante, pois há opções fartas para dividir. No entanto, quando o assunto são pratos individuais, as escolhas acabam sendo mais restritas. Essa lacuna pode gerar uma certa frustração em quem vai sozinho, em casais que preferem pratos personalizados ou até mesmo para clientes que não querem dividir comida.

Um ponto positivo é a apresentação dos pratos, bem elaborados, o que demonstra preocupação com a estética e com o prazer visual antes mesmo da primeira garfada. Porém, ampliar a gama de opções individuais seria uma boa estratégia para conquistar um público ainda maior, sem perder o foco nos grupos.

Atendimento precisa de equilíbrio

O atendimento é sempre um diferencial em qualquer casa gastronômica. No Vista Mar, o contato com o garçom foi frequente, mas em alguns momentos acabou soando excessivo. Perguntas constantes como “Está tudo bem?” ou a insistência em registrar o pedido rapidamente passam a sensação de pressa, quando o cliente muitas vezes busca justamente o contrário: tranquilidade para apreciar a vista e escolher com calma.

Outro ponto curioso foi a oferta de colocar gelo no copo de cerveja. A intenção pode ter sido simpática, mas, para muitos apreciadores da bebida, esse gesto destoa do esperado. Seria interessante a equipe receber um treinamento mais direcionado para identificar o perfil do cliente e adaptar a abordagem de acordo com cada situação.
O grande trunfo: a vista privilegiada

É impossível falar do Vista Mar sem destacar aquilo que dá nome ao restaurante: a vista panorâmica da praia de Ponta Negra. Seja durante o dia, com o sol refletindo no mar, ou ao entardecer, quando o Morro do Careca ganha tons dourados, o cenário é, sem dúvida, um dos grandes atrativos da casa. Muitos clientes, inclusive, podem escolher o restaurante apenas pela experiência visual, o que já representa um ponto fortíssimo de valorização.

Caminho para a excelência

De modo geral, o Vista Mar tem todos os ingredientes para se consolidar ainda mais como referência em Natal: boa localização, cardápio variado, ambiente agradável e estrutura que convida à permanência. O que falta é um pequeno ajuste no atendimento, para torná-lo mais natural e menos invasivo, além de repensar o menu individual, de forma a atender tanto quem deseja dividir quanto quem prefere comer sozinho.

Essas mudanças não exigem grandes investimentos, mas sim treinamento, sensibilidade e planejamento. O resultado seria imediato: clientes mais satisfeitos, avaliações positivas nas redes sociais e, consequentemente, mais movimento no salão.

Conclusão

Visitar o Vista Mar em Ponta Negra é, sem dúvida, uma experiência marcante, principalmente pela paisagem privilegiada. No entanto, para alcançar um nível de excelência e fidelizar ainda mais clientes, o restaurante precisa buscar equilíbrio entre a boa gastronomia e um atendimento mais sutil. Afinal, em um setor tão competitivo quanto o da gastronomia em Natal, são os detalhes que fazem toda a diferença.

sábado, 27 de setembro de 2025

Mulheres transformam motéis em palco para celebrações privadas

 Nos últimos anos, uma tendência inusitada tem ganhado força em várias capitais brasileiras: mulheres têm escolhido motéis como cenário para comemorações privadas com amigas. Aniversários, despedidas de solteira, encontros de confraternização e até pequenos "spas improvisados" estão sendo organizados em suítes que, antes, eram vistas exclusivamente como ambientes voltados para encontros íntimos a dois.

O fenômeno chama atenção pelo contraste entre o estigma historicamente associado aos motéis e a forma criativa como esse espaço vem sendo ressignificado por grupos femininos que buscam conforto, privacidade e diversão.

Privacidade, conforto e custo-benefício

O que explica a escolha? A resposta, segundo frequentadoras, está na combinação de fatores. Em primeiro lugar, a privacidade: longe da movimentação de bares e restaurantes, os grupos podem curtir sem preocupações com olhares externos ou horários rígidos. Além disso, a estrutura dos motéis oferece suítes amplas, algumas com piscinas, hidromassagem, karaokê e até pistas de dança, o que transforma o local em um verdadeiro espaço de lazer.

“Eu e minhas amigas procurávamos algo diferente para comemorar meu aniversário. Os motéis oferecem suítes temáticas e completas, com um custo dividido entre todas, fica mais em conta do que fechar um salão”, conta Mariana*, 29 anos, que comemorou a data em um motel de luxo em Recife.

A praticidade também pesa na escolha. Muitos estabelecimentos oferecem cardápio variado, serviço de quarto rápido e, em alguns casos, pacotes especiais para festas femininas, incluindo decoração personalizada e bebidas inclusas.

Quebrando estigmas

Por trás dessa tendência há também uma mudança cultural. Durante muito tempo, a palavra “motel” esteve associada ao sigilo de encontros amorosos. Agora, o público feminino tem ajudado a quebrar esse estigma, transformando o ambiente em uma alternativa de lazer.

“É uma forma de ressignificar o espaço e dar a ele um novo uso. Os motéis perceberam essa oportunidade e estão investindo em marketing direcionado para grupos de amigas”, explica a socióloga Juliana Freitas, especialista em comportamento urbano.

Nas redes sociais, não é raro encontrar vídeos de “girls night out” realizadas em suítes luxuosas. Piscinas iluminadas, brindes com espumante e música alta se tornam a marca registrada de comemorações que fogem do convencional.

Um mercado em expansão

Diante da procura, muitos motéis têm se adaptado. Em cidades como São Paulo, Salvador e Fortaleza, já existem pacotes oficiais anunciados como “Noite das Amigas” ou “Pool Party Feminina”, que incluem não só o aluguel da suíte, mas também decoração com balões, kit de drinks e até DJ contratado.

Segundo dados da Associação Brasileira de Motéis (ABMotéis), houve um aumento de 35% na demanda por reservas coletivas feitas por mulheres nos últimos dois anos. A tendência acompanha a busca por experiências diferentes e personalizadas, cada vez mais valorizadas pelo público jovem.

Um espaço de liberdade

Para além da festa, muitas mulheres relatam que a experiência traz também um senso de liberdade. “É um espaço seguro, onde não precisamos nos preocupar com assédio, com estranhos se aproximando ou com regras de estabelecimentos tradicionais. Estamos ali só entre amigas, celebrando e nos divertindo”, comenta a psicóloga Fernanda*, 34 anos.

A tendência, que começou de forma discreta, hoje já movimenta o setor e abre caminho para novos formatos de entretenimento urbano. Ao que tudo indica, os motéis deixaram de ser apenas o ponto de encontros amorosos e se transformaram em palco de amizade, diversão e empoderamento feminino.

*Nomes fictícios foram utilizados para preservar a identidade das entrevistadas.

Sorveteira Miraggio desembarca em Natal com sabor único e refrescante

A Praia de Ponta Negra, um dos cartões-postais mais famosos de Natal, ganhou um novo atrativo que promete conquistar moradores e turistas: a Sorveteira Miraggio, que acaba de chegar à capital potiguar trazendo sua especialidade — o sorvete de coco. Simples, tradicional e cheio de sabor, ele já está fazendo sucesso entre aqueles que não abrem mão de uma boa sobremesa gelada para enfrentar o calor do litoral.


Diferente de outras sorveterias que apostam em dezenas de sabores, a Miraggio escolheu focar em apenas um: o coco. A proposta é oferecer qualidade máxima em um produto artesanal, feito com ingredientes selecionados, que preservam a textura cremosa e o sabor marcante da fruta. “Menos é mais. Preferimos investir na perfeição de um sabor do que oferecer muitos sem a mesma qualidade”, destaca a equipe da sorveteira.

E a experiência vai além do sorvete. Enquanto o cliente aguarda sua casquinha ou copo ser preparado, é possível se refrescar com uma água de coco bem gelada, oferecida gratuitamente. Uma cortesia que combina perfeitamente com o clima tropical de Natal e reforça o espírito de acolhimento que a marca deseja transmitir.

A ideia é simples, mas cativa: unir praticidade, sabor e simpatia em um ponto estratégico da cidade, onde milhares de pessoas circulam diariamente. Com a paisagem do Morro do Careca ao fundo, o visitante pode apreciar uma das vistas mais bonitas do Brasil acompanhado do sabor inconfundível do coco.

A Sorveteira Miraggio chega para agregar à já rica cena gastronômica da capital potiguar, valorizando o simples com excelência. Para quem estiver em Ponta Negra, a dica é clara: não deixe de provar o sorvete de coco que já está virando tradição. Afinal, como dizem por lá, “quem prova uma vez, sempre volta”.

@miraggionatal

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

A História da Coca-Cola no Brasil: de símbolo americano a paixão nacional

 Poucas marcas no mundo conseguem despertar tanto reconhecimento imediato quanto a Coca-Cola. Seu rótulo vermelho e a tipografia inconfundível atravessaram fronteiras, culturas e gerações. No Brasil, a relação com o refrigerante começou no início da década de 1940, em um contexto histórico turbulento, marcado pela Segunda Guerra Mundial, e desde então a bebida transformou-se em um dos produtos mais consumidos do país, inserindo-se profundamente na cultura popular.

A chegada ao Brasil: os primeiros passos

A Coca-Cola nasceu em 1886, em Atlanta, nos Estados Unidos, criada pelo farmacêutico John Pemberton. No entanto, demorou mais de meio século para que o refrigerante cruzasse oficialmente o Atlântico Sul e chegasse ao Brasil. O marco aconteceu em 1942, quando o Exército norte-americano instalou bases militares em território brasileiro, principalmente em Natal (RN), durante a Segunda Guerra Mundial.

O Brasil foi estratégico para os aliados por conta de sua posição geográfica, funcionando como ponte aérea entre a América e a África. Com milhares de soldados americanos em solo brasileiro, surgiu a necessidade de manter suprimentos que lembrassem o "sabor de casa". Entre eles, estava a Coca-Cola, considerada quase um símbolo patriótico nos Estados Unidos.

No início, o consumo era restrito aos militares, mas logo o refrigerante começou a despertar curiosidade entre os brasileiros. Em 1943, a primeira fábrica foi inaugurada no Rio de Janeiro, marcando o começo da produção nacional.

Expansão no pós-guerra

Com o fim do conflito, a Coca-Cola percebeu que havia espaço para conquistar o mercado brasileiro. A década de 1950 foi crucial para sua expansão, com campanhas publicitárias intensas e a instalação de novas fábricas em diferentes estados. A empresa se adaptou rapidamente ao gosto local, associando sua imagem à alegria, ao futebol e à música – elementos centrais da identidade brasileira.

Os famosos comerciais de Natal, introduzidos globalmente, também ganharam versões adaptadas, ajudando a consolidar a bebida como parte das tradições festivas do país. O refrigerante, antes restrito às elites urbanas, foi gradualmente se popularizando, chegando aos bares de bairro e às pequenas cidades.

Presença na cultura e no cotidiano

Nos anos 1970 e 1980, a Coca-Cola já era sinônimo de modernidade e juventude. Suas campanhas reforçavam a ideia de união, felicidade e frescor, sempre acompanhadas por músicas marcantes e slogans de fácil memorização. Ao mesmo tempo, a marca se aproximava cada vez mais do esporte, especialmente do futebol, patrocinando competições e seleções.

Outro ponto importante foi a ampliação do portfólio. A Coca-Cola Brasil passou a oferecer também outras bebidas, como Fanta e Sprite, consolidando-se como uma das maiores empresas do setor no país.

A Coca-Cola hoje no Brasil

Atualmente, o Brasil é um dos maiores mercados consumidores da Coca-Cola no mundo. A empresa conta com uma rede de fabricantes regionais e milhares de pontos de venda espalhados por todo o território nacional. Além do refrigerante original, a marca oferece versões sem açúcar, com diferentes tamanhos de embalagem e sabores que atendem a públicos variados.

Mesmo diante da concorrência crescente e da preocupação dos consumidores com saúde e nutrição, a Coca-Cola mantém sua força simbólica. A bebida segue sendo presença constante em festas, churrascos e reuniões familiares, reafirmando seu papel de "companheira oficial" de momentos de celebração.

Um sabor que fez história

A chegada da Coca-Cola ao Brasil, inicialmente ligada a um contexto de guerra, acabou resultando em um fenômeno cultural e comercial duradouro. O que começou como uma bebida para soldados norte-americanos tornou-se parte do cotidiano brasileiro, ganhando status de ícone pop e de símbolo da globalização.

Mais do que um refrigerante, a Coca-Cola construiu no Brasil uma trajetória de adaptação, marketing inteligente e associação a elementos afetivos da vida nacional. Uma história que continua a ser escrita, borbulhando a cada nova geração de consumidores.

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Campina Grande: Tradição, Cultura e Desenvolvimento no Coração da Paraíba

Conhecida nacionalmente como a “Rainha da Borborema” e mundialmente pelo título de sediar o Maior São João do Mundo, Campina Grande, localizada no agreste paraibano, desponta como um dos principais destinos culturais e econômicos do Nordeste brasileiro. Ir a Campina Grande é muito mais do que visitar uma cidade: é mergulhar em uma experiência que mistura tradição, modernidade e hospitalidade.

Uma cidade que respira cultura

Para quem chega à cidade, logo se nota a forte presença da cultura nordestina em cada esquina. Durante os meses de junho e julho, o Parque do Povo se transforma em um verdadeiro arraial gigante, onde milhares de pessoas se reúnem diariamente para celebrar o São João. O evento, que já ultrapassa 40 edições, é marcado por quadrilhas juninas, apresentações de forró pé de serra, comidas típicas e cenários que exaltam a cultura popular.


Mas Campina Grande não se resume apenas ao São João. O calendário cultural da cidade é diverso e inclui eventos como o Encontro da Nova Consciência, que reúne líderes religiosos e pensadores de várias partes do mundo, e o Festival de Inverno, voltado para música, teatro e literatura. Essa efervescência cultural garante à cidade uma posição de destaque no cenário nacional.

Desenvolvimento e inovação

Ir a Campina Grande também é se deparar com um polo de inovação e tecnologia. Reconhecida como Vale do Silício Nordestino, a cidade abriga universidades e centros de pesquisa que a colocam entre os maiores polos de tecnologia da informação do Brasil. Empresas de software instaladas na região exportam serviços e produtos para vários países, atraindo investimentos e gerando empregos qualificados.

Além disso, Campina Grande é referência em educação superior, contando com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), instituições privadas e centros técnicos que atraem estudantes de diversas partes do país.

Turismo e hospitalidade

A cidade também oferece uma estrutura turística robusta. O Açude Velho, cartão-postal de Campina Grande, é ponto de encontro de moradores e visitantes, com espaços para caminhada, prática de esportes e monumentos que homenageiam grandes nomes da música nordestina, como Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga.

Outro destaque é o Museu de Arte Assis Chateaubriand, que guarda um rico acervo de obras de artistas brasileiros e internacionais. Para os que gostam de religiosidade, a Igreja de São Francisco e o Memorial Frei Damião são locais de visita obrigatória.

A gastronomia é um capítulo à parte: do tradicional bode assado à pamonha e canjica, ir a Campina Grande é também se deliciar com a autêntica culinária nordestina. Restaurantes e bares da cidade misturam tradição e modernidade, oferecendo pratos que agradam tanto ao público local quanto aos turistas.

A força de um povo

Mais do que os eventos e as paisagens, o que realmente conquista quem vai a Campina Grande é a força e alegria do povo campinense. A hospitalidade característica do nordestino se soma à energia de uma cidade que nunca para de crescer.

Ir a Campina Grande significa conhecer um município que soube valorizar suas raízes culturais enquanto investiu em educação, ciência e tecnologia. É visitar um lugar que pulsa tradição, mas que também aponta para o futuro.

Assim, seja no mês de junho, quando a cidade se transforma no maior palco de celebração da cultura nordestina, seja em qualquer outra época do ano, Campina Grande é sempre um destino que surpreende e encanta.

Moto+ Associados inaugura nova loja em Casa Nova, Bahia

A Moto+ Associados, maior rede de proteção veicular do Nordeste, acaba de chegar a Casa Nova, no interior da Bahia. A empresa inaugura hoje mais uma loja de atendimento, reforçando seu compromisso em oferecer todo conforto, segurança e praticidade para seus associados.

Com forte presença em diversos estados do Nordeste, a Moto+ Associados é referência em proteção veicular, garantindo tranquilidade para motoristas e motociclistas que desejam resguardar seu patrimônio. A nova unidade foi planejada para proporcionar um atendimento próximo e eficiente, em um ambiente moderno e acolhedor.
Entre os serviços oferecidos, estão a cobertura contra roubos, furtos, colisões, incêndios, além de assistência 24 horas, que inclui suporte em casos de pane elétrica, mecânica e outras situações emergenciais. A proposta é assegurar que cada associado possa circular com confiança em qualquer lugar.

De acordo com a direção da empresa, a expansão para Casa Nova demonstra a importância de estar cada vez mais perto dos clientes. “Nosso objetivo é oferecer proteção e cuidado em todos os detalhes, criando um vínculo de confiança com os associados e atendendo suas necessidades com rapidez e qualidade”, destaca a administração.

A chegada da Moto+ Associados a Casa Nova é celebrada como um marco para a cidade e para toda a região, consolidando ainda mais a posição da rede como a maior e mais completa em proteção veicular no Nordeste.

terça-feira, 23 de setembro de 2025

Os Patinetes Tomaram Conta de Natal: Do Motel à Parada de Ônibus

Quando a empresa JET anunciou a chegada dos patinetes elétricos em Natal, a ideia era simples: facilitar a mobilidade, especialmente na zona sul da cidade. Mas o que era para ser uma alternativa charmosa de transporte urbano virou uma verdadeira febre — e agora eles estão em absolutamente todos os cantos possíveis e imagináveis.

Se antes o natalense se perguntava “onde está meu ônibus?”, agora a dúvida é: “onde não está um patinete?”. Eles aparecem em cima das paradas, como se fossem decoração natalina; aparecem estacionados na porta de motel, como testemunhas silenciosas de encontros rápidos; aparecem dentro das casas, usados até para ir da sala para a cozinha. Dizem que já teve gente tentando entrar com o patinete até no elevador do shopping.


A cena virou rotina: turistas, estudantes, trabalhadores e até vovós de cabelo branquinho deslizando pela calçada com a maior naturalidade do mundo. O patinete deixou de ser apenas um transporte para se tornar um estilo de vida. A padaria da esquina, por exemplo, já tem mais patinetes encostados do que bicicletas.

O fenômeno é tão grande que há quem brinque que Natal mudou de nome: agora é “Patinetal”. E, pelo jeito, essa moda não vai frear tão cedo — até porque freio de patinete, convenhamos, às vezes não funciona tão bem assim.

Se prepare: hoje é na zona sul, amanhã é na zona norte, e daqui a pouco vamos ver procissão de patinetes na Avenida Hermes da Fonseca. O que era para ser só transporte virou piada, moda e, para muitos, paixão à primeira pilotada.

domingo, 21 de setembro de 2025

Mounjaro: promessa e cautela no controle do peso e da glicemia

O medicamento Mounjaro (tirzepatida) ganhou destaque nos últimos anos por sua eficácia contra o diabetes tipo 2 e também pela perda de peso expressiva observada em estudos clínicos. Aplicado por injeção semanal, ele imita dois hormônios intestinais que ajudam a controlar o açúcar no sangue e reduzem o apetite.

Os benefícios

Controle da glicemia: melhora significativa nos níveis de A1c em diabéticos.

Emagrecimento: em alguns pacientes, a perda de peso alcançou dois dígitos percentuais.

Praticidade: aplicação apenas uma vez por semana.

Os riscos

Como todo avanço, o medicamento não é isento de efeitos indesejados. Os mais comuns são náuseas, vômitos e diarreia, principalmente no início do tratamento. Há ainda alertas sobre pancreatite, problemas na vesícula e um risco teórico de tumores da tireoide, descrito em estudos com animais. O remédio também não deve ser usado por grávidas ou pessoas com histórico familiar de carcinoma medular da tireoide.

O que fica claro

Mounjaro representa uma revolução no cuidado com diabetes e obesidade, mas não é uma solução mágica. Seu uso deve ser acompanhado por médicos, aliado a mudanças no estilo de vida e atenção rigorosa aos possíveis efeitos adversos.

sábado, 20 de setembro de 2025

O aeroporto de Natal na Segunda Guerra Mundial

 Durante a Segunda Guerra Mundial (1939–1945), a cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, ganhou uma importância estratégica sem precedentes. O Aeroporto de Parnamirim Field, inaugurado em 1942, transformou a região em peça-chave da rota aérea utilizada pelos Aliados para o transporte de tropas, armamentos e suprimentos. Não por acaso, o local ficou conhecido como “Trampolim da Vitória”.


A localização geográfica de Natal foi determinante: trata-se do ponto mais próximo da África no continente americano, com apenas 2.850 km separando o litoral potiguar de Dakar, no Senegal. Essa curta distância permitia que aviões militares de médio porte, com autonomia limitada, cruzassem o Atlântico de forma mais rápida e segura, garantindo a ligação entre a América e o front europeu e africano.

A construção de Parnamirim Field foi fruto de um acordo entre o governo brasileiro, liderado por Getúlio Vargas, e os Estados Unidos, dentro da política da Boa Vizinhança. Em 1942, o Brasil declarou guerra ao Eixo, após ataques a navios mercantes brasileiros, e a presença militar americana em Natal se intensificou. Estima-se que cerca de 10 mil soldados norte-americanos circularam pela cidade durante o conflito, transformando o cotidiano local.

Além de servir como base aérea, o aeroporto foi um ponto de integração cultural. Muitos natalenses tiveram contato direto com a música, a moda e os hábitos dos estrangeiros. Bares, clubes e casas de espetáculo prosperaram nesse período, e expressões em inglês entraram no vocabulário popular. Ao mesmo tempo, a súbita presença de militares gerou desafios sociais, como o aumento do custo de vida e tensões culturais.

O movimento de aviões em Parnamirim Field foi intenso. Estima-se que mais de 20 mil aeronaves tenham passado pela base durante a guerra, em missões de transporte, abastecimento e patrulhamento. Era um verdadeiro corredor aéreo vital para os Aliados.


Com o fim da guerra em 1945, os americanos devolveram o aeroporto ao Brasil, mas a herança histórica permanece viva. Parnamirim Field consolidou Natal como ponto estratégico da aviação mundial e deixou marcas profundas na memória local. Hoje, é lembrado não apenas como um aeroporto, mas como um símbolo da participação brasileira no esforço global contra o nazifascismo.

Povos indígenas em Manaus: resistência, cultura e desafios urbanos

Manaus, capital do Amazonas, é conhecida por ser a “porta de entrada da Amazônia”. Mas além da floresta e do Rio Negro, a cidade abriga uma presença muitas vezes invisibilizada: os povos indígenas. Estima-se que mais de 30 mil indígenas vivam hoje na capital amazonense, divididos em dezenas de etnias, como Sateré-Mawé, Tikuna, Baré, Mura e Tukano. Eles mantêm laços profundos com suas tradições, mesmo diante das dificuldades impostas pela vida urbana.

A presença indígena na capital

Historicamente, a migração indígena para Manaus se intensificou a partir das décadas de 1970 e 1980, quando famílias deixaram suas aldeias em busca de melhores condições de saúde, educação e trabalho. Atualmente, muitos vivem em comunidades organizadas em bairros periféricos, como Tarumã, Cidade de Deus e Redenção, formando verdadeiras aldeias urbanas.

Essa realidade, porém, vem acompanhada de contradições. Embora estejam fisicamente na cidade, os indígenas enfrentam preconceito, falta de políticas públicas específicas e dificuldades de acesso a serviços básicos. Ao mesmo tempo, são guardiões de saberes tradicionais e lutam para afirmar sua identidade diante do avanço da urbanização.

Cultura e resistência

Em Manaus, é comum encontrar grupos que mantêm suas práticas culturais vivas: danças, rituais, artesanato e a produção da famosa guaraná em bastão dos Sateré-Mawé, bastante procurada no comércio local. Além disso, o movimento indígena tem se fortalecido em organizações e associações que lutam por direitos territoriais, preservação cultural e inclusão social.

A presença desses povos também pode ser vista em espaços públicos e eventos culturais, como o Festival de Parintins, que frequentemente dá visibilidade a tradições indígenas. Ainda assim, lideranças destacam que a luta não se restringe à valorização cultural, mas também ao combate às desigualdades que atingem essas populações.

Desafios sociais

Segundo dados de organizações locais, grande parte dos indígenas em Manaus vive em condições de vulnerabilidade social. Problemas como desemprego, falta de saneamento e precariedade na moradia são frequentes. Outro ponto preocupante é a dificuldade de acesso a políticas de saúde diferenciadas, que respeitem as especificidades culturais e linguísticas de cada povo.

A questão territorial também é central: muitos grupos reivindicam áreas que possam ser reconhecidas oficialmente como terras indígenas urbanas, para garantir sua autonomia e fortalecer a organização comunitária.

Um futuro em construção

A luta dos povos indígenas de Manaus é marcada pela busca de reconhecimento, dignidade e espaço. Apesar das barreiras, eles seguem afirmando suas identidades, transmitindo saberes ancestrais às novas gerações e mostrando que a cidade também é um território indígena.

A capital do Amazonas, portanto, não é apenas um polo industrial e turístico, mas também um espaço de diversidade cultural, onde a presença indígena resiste e se reinventa todos os dias.

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

A História do Disco de Vinil

Poucos objetos culturais marcaram tanto a história da música quanto o disco de vinil. Ícone de gerações, o vinil surgiu como uma revolução tecnológica e se tornou símbolo de memória, colecionismo e paixão pelo som analógico. Sua trajetória é marcada por inovações, quedas e um surpreendente retorno no século XXI.

Origem e evolução

A história do vinil remonta ao final do século XIX, quando o inventor alemão Emile Berliner desenvolveu o gramofone e os primeiros discos planos de 78 rotações por minuto (rpm), feitos de goma-laca. Esses discos eram frágeis, pesados e com capacidade limitada de armazenamento — apenas alguns minutos de áudio por lado. Ainda assim, representaram um grande avanço em relação aos cilindros de cera utilizados até então.

O salto tecnológico ocorreu na década de 1940, quando a Columbia Records, nos Estados Unidos, lançou o LP (Long Play) de 33 ⅓ rpm, feito de cloreto de polivinila (o famoso vinil). Mais resistente e com maior capacidade de gravação — até 30 minutos por lado —, o LP rapidamente se consolidou como o formato ideal para álbuns musicais completos. Pouco depois, a RCA Victor lançou o single de 45 rpm, voltado para canções avulsas, que conquistou a juventude e impulsionou o consumo da música pop e do rock nascente.

A era de ouro

Entre as décadas de 1950 e 1980, o vinil viveu sua era de ouro. Com capas elaboradas, encartes e encartes fotográficos, o LP não era apenas um suporte sonoro, mas também uma obra de arte visual e um objeto de desejo. Bandas como The Beatles, Pink Floyd, Led Zeppelin e Michael Jackson ajudaram a transformar o vinil em fenômeno cultural e comercial.

Além da qualidade sonora — marcada pelo calor e pela fidelidade analógica —, o vinil representava um ritual: escolher o disco, colocar a agulha na vitrola e ouvir o álbum na ordem pensada pelo artista. Esse aspecto deu ao formato uma aura especial, associada à experiência coletiva de ouvir música em casa, em festas ou programas de rádio.

Declínio e esquecimento

A partir dos anos 1980, o avanço tecnológico trouxe novos desafios. O surgimento da fita cassete e, pouco depois, do CD (Compact Disc), ofereceu maior praticidade, portabilidade e durabilidade. O vinil foi gradativamente deixado de lado, e no final dos anos 1990 parecia condenado ao esquecimento. Muitas fábricas fecharam, e coleções inteiras foram vendidas a preços baixos em sebos.

O renascimento

Para surpresa de muitos, o século XXI trouxe um verdadeiro renascimento do vinil. A partir dos anos 2000, colecionadores, DJs e jovens audiophiles redescobriram seu charme. A qualidade analógica, a estética das capas e o valor de objeto colecionável se tornaram diferenciais em um mundo cada vez mais digital.

Segundo dados da indústria fonográfica, as vendas de vinis vêm crescendo continuamente há mais de uma década, superando inclusive as vendas de CDs em vários mercados, como o dos Estados Unidos. Hoje, tanto clássicos remasterizados quanto novos lançamentos de artistas contemporâneos são prensados em vinil, atendendo a uma demanda nostálgica e moderna ao mesmo tempo.

Um ícone cultural atemporal

Mais do que um simples suporte musical, o disco de vinil se consolidou como patrimônio cultural e afetivo. Ele representa uma era em que a música era consumida de forma mais contemplativa e material, criando laços entre artistas e ouvintes.

De objeto de massa a artigo de colecionador, o vinil atravessou gerações e resistiu ao avanço da tecnologia, provando que, em certos casos, a tradição pode coexistir com a inovação. Hoje, continua girando nos toca-discos do mundo todo, lembrando que a música, quando bem preservada, nunca envelhece.

domingo, 14 de setembro de 2025

História – A Primeira Mulher Prefeita do Brasil

No cenário político brasileiro, marcado por décadas de domínio masculino, uma mulher ousou romper barreiras e escrever seu nome na história. Em 1928, Alzira Soriano de Souza, uma potiguar do município de Lajes, no Rio Grande do Norte, tornou-se a primeira mulher prefeita eleita no Brasil e em toda a América Latina.

A conquista foi possível graças a uma mudança recente na legislação eleitoral potiguar. Em 1927, o então governador Juvenal Lamartine sancionou uma lei que permitia o voto e a candidatura feminina no estado — algo inédito no país e que precedeu o voto feminino nacional em cinco anos. Aproveitando o momento, o Partido Republicano local lançou Alzira como candidata.

Com apenas 32 anos, viúva e mãe de três filhas, Alzira Soriano enfrentou preconceito e resistência de adversários e parte da população. Ainda assim, venceu a eleição com 60% dos votos válidos, assumindo a prefeitura de Lajes em 1º de janeiro de 1929. Sua gestão foi marcada por medidas de infraestrutura e modernização, como a abertura de estradas, incentivo à educação e melhorias nos serviços básicos de saúde.

Apesar do pioneirismo, Alzira enfrentou perseguições políticas intensas. Com a Revolução de 1930, que derrubou Washington Luís e levou Getúlio Vargas ao poder, ela foi afastada do cargo por pressões políticas. Mesmo assim, permaneceu como figura de destaque no Rio Grande do Norte, retornando à vida pública em 1945 como vereadora.

A trajetória de Alzira Soriano simboliza a luta das mulheres pela participação política no Brasil. Sua eleição, anos antes do reconhecimento oficial do voto feminino em 1932, demonstrou que a presença das mulheres na política não era apenas possível, mas necessária para a construção de uma sociedade mais representativa.

Hoje, quase um século depois, sua história continua sendo lembrada como um marco de coragem e quebra de paradigmas. Em um país onde a representatividade feminina ainda avança lentamente, a lembrança da primeira prefeita brasileira inspira novas gerações a ocupar espaços de decisão e poder.

📌 Alzira Soriano, prefeita de Lajes em 1929, não foi apenas pioneira: foi símbolo da resistência feminina em uma época em que a política parecia território exclusivo dos homens.

sábado, 13 de setembro de 2025

Marta Suplicy: legado de prefeita marcada por inovação no transporte e na educação

Marta Suplicy, psicóloga e política nascida em 1945, construiu uma das trajetórias mais marcantes da vida pública brasileira. Primeira prefeita de São Paulo eleita pelo Partido dos Trabalhadores (PT), em 2000, ela deixou um legado de projetos que ainda hoje fazem parte da rotina da capital. Entre as principais marcas de sua gestão estão o Bilhete Único e os Centros Educacionais Unificados (CEUs).

Da Constituinte à Prefeitura

Antes de chegar ao comando da maior cidade do país, Marta já tinha experiência política. Foi deputada federal constituinte, entre 1987 e 1995, participando ativamente da elaboração da Constituição de 1988. Também consolidou sua imagem na televisão, como apresentadora de programas de comportamento e sexualidade, o que a aproximou de temas ligados à vida cotidiana e à defesa de direitos.

Em 2000, derrotou Paulo Maluf no segundo turno e assumiu a Prefeitura de São Paulo. A cidade enfrentava problemas crônicos de mobilidade, déficit habitacional e carência de serviços públicos nas periferias. Marta prometia mudanças.

Bilhete Único: revolução no transporte

Em 2004, no último ano de sua gestão, foi implantado o Bilhete Único, sistema que permitia ao usuário usar mais de um ônibus em um período de tempo pagando apenas uma tarifa. A medida facilitou o deslocamento, reduziu gastos para trabalhadores e estudantes e tornou-se modelo para outras cidades brasileiras.

“O Bilhete Único mudou a lógica do transporte público em São Paulo. Foi um divisor de águas para quem vive longe do centro”, avaliou à época o urbanista Cândido Malta Campos.

CEUs: educação e cultura nas periferias

Outro projeto emblemático foi a criação dos CEUs – Centros Educacionais Unificados. Instalações amplas, com escolas, bibliotecas, teatros, piscinas e quadras esportivas, foram erguidas em regiões carentes. O objetivo era levar educação, cultura e lazer de qualidade para bairros periféricos.

Os CEUs se tornaram referência nacional e até hoje são utilizados como exemplo de política pública voltada à inclusão social.

Outras ações

Além dos projetos mais lembrados, a gestão de Marta também investiu em corredores exclusivos de ônibus, urbanização de favelas e construção de moradias populares. No campo da cultura, incentivou programas comunitários e ampliou o acesso a atividades artísticas.

Apesar dos avanços, sua administração sofreu críticas por aumento de impostos e pela percepção de falhas na zeladoria da cidade. Em 2004, Marta tentou a reeleição, mas perdeu para José Serra (PSDB).

Carreira após a Prefeitura

Depois de deixar o cargo, Marta seguiu na política. Foi ministra do Turismo no governo Lula e ministra da Cultura no governo Dilma Rousseff. Em 2015, rompeu com o PT e filiou-se ao MDB, reforçando sua imagem de figura independente no cenário político.

Legado

Com altos e baixos, Marta Suplicy é lembrada como uma prefeita que priorizou inclusão social e deixou marcas duradouras. O Bilhete Único e os CEUs seguem presentes no dia a dia da população paulistana, símbolos de uma gestão que apostou na transformação da cidade por meio da mobilidade e da educação.

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Trajetória de Paulo Maluf: do engenheiro ao político polêmico

Paulo Salim Maluf, nascido em 3 de setembro de 1931, em São Paulo, é um dos nomes mais conhecidos e controversos da política brasileira. Engenheiro de formação, formado pela Escola Politécnica da USP, Maluf iniciou sua carreira pública ainda jovem, aproveitando o prestígio de sua família de origem libanesa, tradicional no meio empresarial. Com grande habilidade em comunicação e forte presença nos bastidores, ele construiu uma carreira marcada por feitos administrativos, mas também por uma extensa lista de acusações e processos que acompanharam seu nome ao longo de décadas.

O início de sua trajetória política aconteceu nos anos 1960, quando foi indicado prefeito de São Paulo pela ditadura militar, em 1969. Durante sua gestão, Maluf ficou conhecido por obras de grande impacto urbano, como a construção do Elevado Costa e Silva, popularmente chamado de “Minhocão”, além de viadutos, avenidas e projetos de infraestrutura que mudaram a paisagem da capital paulista. Essas marcas deram a ele a imagem de administrador prático, alguém que “fazia” — uma imagem que o acompanharia por toda a sua vida pública.

Nos anos 1970, Maluf consolidou-se como figura de peso dentro da Arena (partido de sustentação do regime militar) e, em 1979, assumiu o governo do Estado de São Paulo. Sua gestão foi marcada por grandes obras, como a construção da Marginal Tietê, a ampliação de rodovias e projetos habitacionais. Ao mesmo tempo, começaram a surgir questionamentos sobre os custos dessas empreitadas e suspeitas de corrupção.

Na década de 1980, já com a redemocratização, Maluf se tornou uma figura central do chamado “malufismo”, corrente política que o sustentava como candidato a cargos executivos e legislativos. Ele disputou a eleição indireta para presidente em 1985, sendo derrotado por Tancredo Neves no Colégio Eleitoral. Apesar disso, manteve forte influência política, principalmente em São Paulo. Voltou à prefeitura da capital em 1993, quando apostou novamente em obras viárias, como túneis, avenidas e a reurbanização de áreas centrais.

A carreira de Maluf, no entanto, passou a ser cada vez mais associada a denúncias de corrupção e lavagem de dinheiro. Internacionalmente, seu nome apareceu em investigações que apontaram contas secretas no exterior e desvios milionários de recursos públicos. No Brasil, tornou-se alvo de inúmeros processos, chegando a ser preso em 2017 após condenação por lavagem de dinheiro.

Apesar das acusações, Maluf sempre manteve um eleitorado fiel. Suas campanhas eram conhecidas pelo bordão “rouba, mas faz”, que, embora polêmico, refletia a imagem que parte da população tinha dele: um político acusado de irregularidades, mas responsável por obras visíveis e de grande impacto. Ao longo dos anos, foi deputado federal, cargo que ocupou até seus últimos anos de vida pública, exercendo forte influência no Congresso.

A trajetória de Paulo Maluf é um retrato das contradições da política brasileira: um administrador que deixou marcas concretas nas cidades e no Estado que governou, mas que também se tornou símbolo da corrupção e dos escândalos envolvendo dinheiro público. Figura carismática, habilidoso em discursos e negociações, Maluf atravessou diferentes fases da história política nacional, do regime militar à democracia.

Hoje, seu nome é lembrado tanto pelas obras que transformaram São Paulo quanto pelos processos que mancharam sua carreira. Paulo Maluf, com sua longa trajetória, representa um capítulo importante — e polêmico — da política brasileira.