Preocupação com o baixo crescimento da economia atinge patamar mais alto desde 2009 |
Pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostra que a indústria de transformação vai cortar neste ano 32,7% de seu investimento total em relação a 2014. O recuo representa R$ 53,3 bilhões a menos em máquinas, equipamentos e instalações, gestão, inovação e pesquisa e desenvolvimento (P&D). O valor despenca de R$ 163 bilhões no ano passado para R$ 109,7 bilhões em 2015. Em relação ao faturamento das empresas, o investimento total diminui de 6,9% para 4,8%. O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, lamenta a diminuição do investimento da indústria, de 3% para 2% do PIB, em razão do desempenho ruim de todos os seus setores. "Quando há falta de demanda, falta de perspectiva e há insegurança, com a ameaça de mais impostos, e a indústria já sente falta de competitividade, o resultado disso é travar os investimentos", afirma Skaf. "E travando investimentos, não há geração de empregos. O país interrompe o círculo virtuoso e entra no círculo vicioso de menos demanda, menos investimento, menos emprego - tudo aquilo que não serve ao Brasil." Conforme o levantamento, feito pelo Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp, mais do que dobra a proporção das empresas industriais que não farão investimento nenhum - de 19,4% no ano passado para 44,4% neste ano. O grosso da queda se concentra nos investimentos em máquinas, equipamentos e instalações, com R$ 41,5 bilhões (38%) a menos, indicando que a indústria não pretende aumentar sua capacidade de produção neste ano. Os empresários estão na defensiva, como costuma acontecer em períodos de recessão ou de baixo crescimento econômico. A preocupação com o baixo crescimento atinge 50% das empresas, nível recorde desde a primeira edição do levantamento, em 2009. Nos investimentos em gestão, o corte deve ser de R$ 3,8 bilhões (23,7%). Inovação perde 18% em relação a 2014, ficando com R$ 3,8 bilhões a menos. P&D tem redução de 25% (recuo de R$ 4,1 bilhões). Para a indústria, a carga tributária continua a ser o maior obstáculo ao investimento. A razão é apontada por 62% dos entrevistados. "O governo precisa esquecer esse negócio de aumentar impostos", diz o presidente da Fiesp. "Ele precisa reduzir suas despesas, se possível reduzir os impostos, aumentando a competitividade dos setores produtivos brasileiros, e reduzir juros. É isso que tem que fazer. É justamente o contrário do que está fazendo." A pesquisa reflete a análise de Skaf. A maioria (59%) dos empresários entrevistados considera que a diminuição da carga tributária contribuiria para a retomada dos investimentos. E 42% (em questionário que permite resposta múltipla) acham que o aumento da taxa de crescimento da economia estimularia os investimentos. "Lamentavelmente, o pior desta situação, deste círculo vicioso de menos demanda, menos confiança, menos investimento, é menos emprego. Não há nada que seja pior para o país do que o desemprego. O governo, aumentando juros e aumentando impostos, está realimentando ou alimentando o desemprego", conclui Skaf. Pequenas cortam mais A análise pelo porte da empresa mostra que as pequenas vão cortar mais, em termos relativos. Entre elas, a redução do investimento total será de 42,8%. As médias devem cortar 38,8%, e as grandes, 29,3%. A pesquisa foi realizada com 1.205 empresas no Estado de São Paulo entre 9 de março e 15 de maio de 2015, envolvendo toda a indústria de transformação, exceto fabricação de coque e produtos derivados do petróleo. Foram ouvidas 501 empresas pequenas, 433 médias e 271 grandes. Para permitir a análise nacional, os resultados da Pesquisa Fiesp de Intenção de Investimento 2015 foram expandidos segundo a Pesquisa Industrial Anual do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PIA/IBGE). |
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