quarta-feira, 7 de maio de 2014

Tunísia vai aumentar produção de fosfato em 50% até 2020

Meta é atingir 12 milhões de toneladas anuais de fertilizante e país busca parceria com a Vale, segundo ministro tunisiano da Indústria, que participou de fórum Brasil-Tunísia
O ministro tunisiano da Indústria, Minas e Energia, Kamel Ben Naceur, participou do fórum “Brasil-Tunísia: oportunidades a abraçar”, organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com apoio da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira. Segundo ele, o objetivo é criar condições para que o Brasil esteja, em três anos, entre os dez maiores parceiros comerciais do país árabe. O titular da pasta ainda revelou que a Tunísia está se preparando para quadruplicar a produção de fosfato - base para fertilizantes, produto do qual o Brasil é um grande importador - até 2020.
“Vim ao Brasil para promover a nova Tunísia. Temos uma nova Constituição e vivemos o que estamos chamando de ‘start-up democracy’ (democracia iniciante). Por isso, estamos promovendo o aumento dos negócios e investimentos. As trocas comerciais com o Brasil poderiam ser bem maiores. Poderíamos formar uma parceria entre o Brasil, a Tunísia e outros países da África. Estamos promovendo oportunidades em diversos setores - além dos já tradicionais ligados ao agronegócio -, como energia (incluindo as renováveis), aeronáutico, infraestrutura, elétrico, eletrônico, mecânico, têxtil, calçados e couros, farmacêutico, serviços terceirizados, turismo, serviços logísticos, tecnologia da comunicação e informação”, afirmou Naceur.
VANTAGENS
O titular da pasta destacou as cerca de 5,7 mil indústrias presentes no país, que, juntas, empregam mais de meio milhão de colaboradores. Do total dessas companhias, cerca de dois terços são exportadoras e quase 1,2 mil são estrangeiras.
Já o diretor-geral da Agência Tunisiana de Promoção de Investimentos Exteriores (Fipa), Khalil Labidi, ressaltou as estratégias nacionais para promoção de investimentos internacionais, entre elas a prorrogação de anistia fiscal, a simplificação dos procedimentos para criação de empresas, a abertura de investimentos em novos setores e a diversificação das fontes para financiamento de projetos. Ele ainda reforçou a posição estratégica da Tunísia na região do Mediterrâneo e a vocação do país árabe do Norte da África para atuar como umahub de exportações brasileiras para outras regiões.
FERTILIZANTES
Sobre a produção de fosfato, o ministro informou que a Tunísia pretende aumentar sua produção para 12 milhões de toneladas até 2020. Naceur disse também que está discutindo possibilidades de cooperação tecnológica nesta área com a brasileira Vale, com quem teve reunião na última segunda-feira, dia 05. “Estamos falando de excelentes oportunidades. Primeiro na parte de tecnologia, porque a Vale tem experiência no transporte de fertilizantes com água por dutos. Esse tipo de sistema poderia ser muito interessante para nós, em minas que tenham produção de dois a três milhões de toneladas por ano”, contou.
Outra possível cooperação com a mineradora brasileira, afirmou Naceur, é em um projeto de uma mina de fosfato no centro-oeste da Tunísia. “É um investimento de US$ 2,5 bilhões. Vamos ver como podemos aperfeiçoar todo o ciclo usando o conhecimento de empresas como a Vale”, disse.
O fórum contou ainda com a presença do presidente da Câmara Árabe, Marcelo Sallum, que destacou o desempenho do comércio entre Brasil e Tunísia, apontando possibilidades de crescimento. “Em 2013, a corrente comercial entre os dois países foi de US$ 426 milhões. Acreditamos realmente que existem oportunidades de expansão dos negócios em ambos os lados”, afirmou.
Michel Alaby, diretor-geral da Câmara Árabe, ressaltou a importância de as empresas brasileiras observarem a questão da internacionalização, ou seja, de se instalarem em outro país. Como exemplos de companhias brasileiras que já estão no país árabe, ele mencionou a Dumond (calçados) e a Votorantim (cimento). “As exportações do Brasil para a Tunísia são muito vinculadas a matérias-primas e alimentos, mas podemos produzir alimentos também lá, onde há uma mão de obra produtiva e efetiva.”
Participaram ainda do evento de negócios o vice-presidente da Fiesp, Elias Miguel Haddad; o embaixador da Tunísia em Brasília, Sabri Bachtobji; o secretário executivo do Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior do Brasil, Ricardo Schaefer; o chefe do Departamento de Promoção Comercial e Investimentos do Ministério das Relações Exteriores, Rodrigo de Azeredo Santos e o gerente de Internacionalização da Apex-Brasil, Juarez Leal.

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