O nascimento de um ícone do consumo brasileiro
Fundado em 1913, em São Paulo, o Mappin foi muito mais do que uma loja de departamentos: tornou-se um verdadeiro símbolo de modernidade, status e desejo de consumo no Brasil ao longo do século XX. Inspirado nos grandes magazines europeus, o Mappin apresentou aos brasileiros um novo jeito de comprar, reunindo em um único espaço moda, eletrodomésticos, móveis, utilidades domésticas e artigos de luxo.
Durante décadas, entrar no Mappin era uma experiência. Suas lojas amplas, vitrines sofisticadas e atendimento diferenciado criaram um vínculo emocional com o público. Para muitas famílias, comprar no Mappin significava ascensão social — um ritual que atravessou gerações.
O auge e o poder de uma marca inesquecível
Nas décadas de 1970 e 1980, o Mappin viveu seu período de ouro. Com lojas gigantescas em pontos estratégicos de São Paulo, especialmente no centro da cidade, a rede figurava entre os maiores varejistas do país. Campanhas publicitárias memoráveis e um dos jingles mais famosos da história do varejo brasileiro reforçaram sua presença no imaginário popular.
O slogan “Mappin, venha correndo” virou sinônimo de liquidação, oportunidade e consumo inteligente. A marca era referência em crédito ao consumidor, parcelamentos acessíveis e inovação comercial, em um tempo em que o varejo ainda engatinhava no Brasil.
Expansão acelerada e decisões arriscadas
No início dos anos 1990, o Mappin apostou em uma estratégia agressiva de expansão. Comprou operações, ampliou lojas e tentou competir em um mercado que começava a mudar rapidamente. A chegada dos grandes shoppings centers, a especialização do varejo e a transformação do perfil do consumidor exigiam agilidade — algo que o modelo tradicional do Mappin começou a ter dificuldade em acompanhar.
Ao mesmo tempo, o cenário econômico brasileiro era instável, com inflação elevada, juros altos e forte dependência do crédito. A combinação se mostrou perigosa.
A virada dos anos 90 e o início da crise
Em meados da década de 1990, os sinais de desgaste ficaram evidentes. Prejuízos financeiros, queda no faturamento e dificuldades de gestão colocaram a empresa em alerta. Em 1996, o controle do Mappin foi vendido ao empresário Ricardo Mansur, que também havia adquirido outra gigante do varejo, a Mesbla.
A promessa era criar um grande conglomerado nacional, mas a realidade foi bem diferente. O endividamento cresceu, fornecedores ficaram sem receber e as operações se tornaram insustentáveis. O que era para ser uma reestruturação virou um colapso.
O fechamento das lojas e a falência
Em 1999, após anos de dificuldades, o Mappin teve sua falência decretada pela Justiça. As portas das lojas foram fechadas, encerrando um ciclo de mais de 80 anos de história. Milhares de funcionários perderam seus empregos, e consumidores assistiram, perplexos, ao fim de uma das marcas mais queridas do varejo nacional.
O prédio histórico da Praça Ramos de Azevedo, no centro de São Paulo — um dos endereços mais emblemáticos do Mappin — tornou-se símbolo do desaparecimento do varejo clássico que dominou a cidade por décadas.
O legado que resiste ao tempo
Mesmo após o fechamento das lojas físicas, o Mappin nunca foi esquecido. A marca permaneceu viva na memória afetiva dos brasileiros e voltou a ser utilizada anos depois no comércio eletrônico, em uma tentativa de resgatar seu prestígio histórico.
Mais do que uma empresa que faliu, o Mappin virou estudo de caso sobre os desafios do varejo, mostrando como até gigantes consolidados podem sucumbir quando não acompanham as transformações do mercado.
O que o Mappin ensina ao varejo modernoO fim do Mappin deixa lições claras:A importância da gestão financeira responsávelA necessidade de inovação constanteA adaptação rápida às mudanças no comportamento do consumidor
Hoje, o Mappin é lembrado com nostalgia, respeito e admiração — um nome que ajudou a moldar o consumo no Brasil e que permanece como um dos maiores ícones da história do varejo nacional.
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