sábado, 25 de outubro de 2025

O Hotel Esqueleto da Gávea: o gigante abandonado da Floresta da Tijuca

Entre as montanhas verdejantes da Floresta da Tijuca, na zona sul do Rio de Janeiro, repousa um dos mais intrigantes e misteriosos monumentos do abandono urbano: o Hotel Turístico da Gávea, conhecido popularmente como “Hotel Esqueleto”. Um projeto ambicioso que nasceu em 1953 com a promessa de ser um dos empreendimentos hoteleiros mais luxuosos do Brasil, mas que acabou se tornando uma ruína de concreto cercada por lendas, histórias sombrias e curiosos que se arriscam a explorar suas ruínas.

Um sonho grandioso dos anos 50

O projeto do Hotel Turístico da Gávea surgiu em meio ao otimismo do Brasil da década de 1950. A ideia era erguer um hotel de luxo voltado para o turismo internacional, aproveitando a beleza natural da Floresta da Tijuca e a vista panorâmica do mar e da cidade. O arquiteto Décio da Silva Penedo foi o responsável pelo ousado projeto, que previa mais de 200 quartos, salões de festas, piscinas, restaurantes e até um mirante com vista para o Cristo Redentor.

A construção começou com ritmo acelerado, mas logo surgiram os primeiros obstáculos: o terreno de difícil acesso, os altos custos e a falta de apoio financeiro acabaram comprometendo o avanço das obras. Na década de 1960, o projeto foi interrompido de vez, restando apenas o esqueleto de concreto que, com o tempo, foi tomado pela vegetação da mata atlântica.

O hotel que virou lenda

Desde então, o Hotel Esqueleto passou a habitar o imaginário carioca. Muitos acreditam que o local é assombrado, palco de histórias misteriosas e até de práticas ocultas. Há relatos de trilheiros que afirmam ouvir passos, risadas ou ver luzes nas janelas à noite — ainda que o prédio não tenha energia elétrica há décadas.

O clima enigmático atrai exploradores urbanos, fotógrafos e curiosos que buscam capturar a beleza decadente das ruínas cobertas de musgo. Do alto de suas estruturas, a vista é deslumbrante, revelando o mar, o Jockey Club e as curvas da cidade — um contraste poético entre o esplendor do Rio e a melancolia do abandono.

Um patrimônio esquecido

Apesar de estar em área de preservação ambiental e dentro do Parque Nacional da Tijuca, o hotel nunca chegou a ser demolido nem restaurado. O que resta hoje são paredes de concreto, colunas corroídas pelo tempo e uma estrutura que, embora perigosa, resiste às décadas de abandono.

Há discussões ocasionais sobre transformar o local em um centro cultural, museu ou ponto turístico oficial, mas nenhum projeto saiu do papel. Enquanto isso, o “esqueleto” segue imponente, sendo consumido lentamente pela natureza.

Entre o abandono e o fascínio

O Hotel Turístico da Gávea é, acima de tudo, um símbolo da cidade do Rio de Janeiro: belo, grandioso e contraditório. É um lembrete do quanto o tempo e o descaso podem transformar um sonho em ruína — e, ao mesmo tempo, transformar uma ruína em ícone.
Hoje, o local é destino de trilhas e aventuras, especialmente por quem busca o inusitado. A caminhada até o hotel é íngreme e exige cuidado, mas recompensa o visitante com uma das vistas mais impressionantes do Rio e uma sensação única de estar diante de uma história congelada no tempo.

Assim, o Hotel Esqueleto permanece lá, entre o céu e a mata, como um fantasma de concreto guardando segredos de um passado que nunca chegou a se concretizar — um monumento silencioso à ambição e ao esquecimento.

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