Conhecida como ‘vodka eyeballing’, prática pode causar inflamações graves, irritação intensa da córnea e até cegueira
O mês de fevereiro chegou e com ele vêm as festas de carnaval e os trotes universitários. Sempre regados a muita bebida alcoólica e euforia, ambas as comemorações devem ser fiscalizadas de perto pelos responsáveis ou profissionais da saúde, pois uma nova moda, que começou nos Estados Unidos e se alastrou pela Europa, está chegando ao Brasil: a “vodka eyeballing”.
Técnica utilizada por mulheres que servem bebidas em bares de Las Vegas para ganhar gorjetas e por jovens britânicos como jogos em pubs, a técnica consiste em derramar uma dose de vodca nos olhos, como se fosse colírio, para embriagar mais rápido. Para o oftalmologista Richard Yudi Hida, isso não passa de um assunto controverso. “Em contato com a corrente sanguínea, o álcool pode acelerar o processo de embriaguez. No entanto, na região dos olhos, a absorção deve ser mínima devido a presença de poucos vasos sanguineos expostos à vodca, o que talvez faça com que a prática não surta os efeitos desejados”, ressalta.
Segundo o oftalmologista, por conter em média 40% de álcool, a vodca pode matar as células da parte superficial do olho. “A vodca em contato com a parte mais externa do olho pode causar dor intensa, ardência, sensação de areia nos olhos. Caso a absorção no olho seja mais grave e profunda, ela pode causar ate cegueira irreversível devido a lesões de estruturas mais sensíveis. Porém, ainda não existem estudos mais profundos descrevendo tais lesões”, afirma. “Além da cegueira, existem outros sintomas como a alterações do lacrimejamento natural, que impossibilita o olho de ser lubrificado, ou até lesões cicatriciais irreversíveis da superfície do olho danificando a proteção e manutenção da saúde ocular. Essa brincadeira pode sair ainda mais cara, acarretando doenças como o glaucoma severo, catarata precoce, cicatrizes e infecções gravíssimas”, alerta Hida.
ATENÇÃO
A vodca não é o único líquido que deve ficar longe dos olhos, como alerta o oftalmologista. “Até a água boricada deve ser mantidos longe dos olhos. A água boricada é tóxica para as células da córnea, da pálpebra e da pele. Já o soro fisiológico não causa danos oculares, mas o frasco quando aberto deve ser descartado imediatamente devido ao risco de contaminação logo após o uso”. Outro item que merece atenção são os colírios. O uso indiscriminado sem orientação médica de qualquer colírio pode causar danos irreversíveis. “Alguns efeitos colaterais são bem conhecidos, como o aumento da pressão intraocular e catarata (colírio contendo corticoide). Portanto, só utilize colírios sob orientação médica, que estejam dentro do prazo de validade e, sobretudo, dê atenção à higiene das mãos antes da aplicação”, finaliza.
Sobre Dr. Richard Yudi Hida
Dr. Richard Yudi Hida é um dos maiores cirurgiões oculares reconhecido mundialmente. Há quase 20 anos, Dr. Richard Yudi Hida atua na área de oftalmologia clínica e cirúrgica, no tratamento das mais variadas doenças visuais.
O profissional é especializado em oftalmologia pelo Departamento de Oftalmologia da Santa Casa de São Paulo. Foi Fellow nas 2 melhores Universidades do Japão (Keio University- School of Medicine e Kyorin University) onde dominou várias áreas da oftalmologia cirúrgica.
Atualmente, é chefe do Setor de Catarata do Departamento de Oftalmologia da Santa Casa de São Paulo, responsável por cerca de 500 cirurgias por mês. É também diretor técnico do Banco de Tecidos Oculares da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, responsável por coordenar a distribuição de tecidos oculares desta instituição. O profissional ainda é membro da equipe de Transplante de Córnea da Santa Casa de São Paulo. É médico voluntário, colaborador e membro do Grupo de Estudo em Superfície Ocular do Departamento de Oftalmologia da Universidade de São Paulo (USP), responsável por orientar inúmeras pesquisas internacionais sobre tratamento e diagnóstico de doenças da superfície ocular.
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