Temos que refletir com serenidade quando, após a eleição presidencial em que Dilma Rousseff foi reeleita, surgem aqui e ali arautos do passado, tentando estabelecer um terceiro turno, antidemocrático e contra os interesses do povo brasileiro.
Ao longo de 514 anos de História, o Brasil viveu pelo menos 400 anos sem democracia. Após o descobrimento, o país foi entregue pelo Império Português aos donos das Capitanias Hereditárias. Ditadores que administraram vastas extensões de terra sem dar satisfação a ninguém.
Que adotaram, logo em seguida, a mão de obra escrava. Primeiro os índios e depois os negros, arrancados da África e submetidos à degradação humana, que até hoje obriga nosso povo a conviver com as consequências.
Em 1888, a Lei Áurea “liberta” os escravos, que são expulsos das fazendas. E as famílias negras são condenadas a uma vida miserável nos aglomerados urbanos: sem terras, sem emprego e sem condições de garantir a própria dignidade.
Em 1889, com a Proclamação da República, vivemos um arremedo de democracia. O país era controlado com mão de ferro pelas oligarquias rurais de São Paulo e Minas Gerais.
Em 1930, inicia-se mais um período sem democracia, com a Era Vargas, que impôs uma modernização na nossa economia mas restringiu, em muito, nossa liberdade democrática. E que se tornou uma ditadura de fato entre 1937 e 1945.
Terminada a Segunda Guerra Mundial, respiramos democracia até 1964, quando acontece o Golpe Civil Militar, articulado por uma classe média e a elite econômica que, junto com os militares, mantiveram a ditadura civil militar até 1985.
Portanto, respiramos a liberdade democrática apenas nos últimos 29 anos. Aprendemos a cada eleição a praticar a liberdade de ideias, a organização política e sindical. Com respeito às mais diferentes raças e práticas religiosas que compõem nossa Nação.
Em quase 30 anos, nos tornamos um País respeitadíssimo no mundo inteiro. Aqui se vive e se trabalha com alegria. De acordo com algumas pesquisas mundiais, somos um dos povos mais felizes do planeta.
Através da participação democrática controlamos a inflação, distribuímos mais renda e nos mantemos mobilizados para buscar a democracia racial plena e o respeito de fato às trabalhadoras, que ainda recebem, na média, salários 30% menores que seus colegas homens.
Temos consciência cidadã de que precisamos de muito mais prática democrática para superarmos os graves problemas de Saúde, de Moradia e de Segurança Pública.
Por isso, nos preocupa quando uma minoria raivosa se aproveita do recente período de liberdade e defende a volta do atraso, do regime militar e da falta da liberdade.
Querem a volta da ditadura militar, quando as lideranças políticas e sindicais, os filhos da classe média e das elites eram presos, torturados e assassinados porque tentavam discutir o que seria melhor para o Brasil.
O povo brasileiro não quer a volta de nenhum tipo de ditadura. Seja de esquerda, de direita ou militar. Porque só através do diálogo permanente, respeitando-se as diferenças, é que melhoramos as condições sociais e econômicas do povo brasileiro.
Somos uma Nação do futuro, porque temos a garantia da liberdade. Que a democracia possibilita a cada eleição e nos permite entender e conter, com muito diálogo, essa minoria desesperada, que perceberá, rapidamente, a inutilidade de sua tentativa de resgate do atraso.
José Braz Fofão
Presidente em exercício do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá
Cícero Martinha
Presidente licenciado do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá
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