terça-feira, 28 de outubro de 2025

A QUEDA DA AZZURRA: O SUMIÇO DA ITÁLIA NAS COPAS DO MUNDO

De campeã mundial a ausência histórica – a crise do futebol italiano



A Itália é uma das seleções mais tradicionais do planeta. Quatro vezes campeã mundial (1934, 1938, 1982 e 2006), sempre foi sinônimo de garra, tática e defesas impenetráveis. Mas, para espanto de torcedores e críticos, a poderosa Azzurra desapareceu dos Mundiais. Desde 2014, o país que já formou monstros como Buffon, Pirlo e Totti não pisa em um gramado de Copa do Mundo.

O que aconteceu com a seleção italiana? Como um dos berços do futebol moderno, dono de uma das ligas mais ricas do passado, mergulhou em uma sequência de fracassos inéditos?

DO TOPO DO MUNDO AO FUNDO DO POÇO

Em 2006, a Itália viveu o auge. Sob o comando de Marcello Lippi, venceu a França nos pênaltis e conquistou o tetracampeonato em meio ao escândalo de corrupção do “Calciopoli”, que abalava o futebol nacional. Parecia o início de uma nova era. Mas o que veio depois foi o contrário.

Na Copa de 2010, na África do Sul, a Itália caiu ainda na fase de grupos, sem vencer uma partida. Em 2014, no Brasil, o roteiro se repetiu: eliminação precoce após derrotas para Costa Rica e Uruguai. E então veio o pesadelo definitivo — as ausências em 2018 e 2022, algo inimaginável para um país tetracampeão.

O COLAPSO DE UM SISTEMA

Os motivos da derrocada italiana são vários. O primeiro é estrutural: o futebol local envelheceu. A Serie A, que nos anos 1990 era o campeonato mais competitivo do mundo, perdeu força financeira e deixou de atrair grandes talentos.
Clubes como Milan e Inter passaram por crises longas, enquanto o Juventus dominou o cenário doméstico sem grandes rivais à altura. O resultado foi a falta de renovação de atletas e ideias.

Outro ponto crucial foi a formação de jogadores. A Itália sempre revelou defensores e goleiros de elite, mas deixou de produzir atacantes criativos. A ausência de nomes de peso no ataque ficou evidente nos últimos anos — faltou um novo Totti, Del Piero ou Inzaghi.

Além disso, a rigidez tática, marca registrada dos italianos, acabou se tornando um fardo. Enquanto o futebol mundial evoluía com velocidade e intensidade, a Itália mantinha um estilo conservador, preso a esquemas antigos.

AS ELIMINAÇÕES CHOCANTES

A ausência em 2018, na Rússia, foi traumática. Nas eliminatórias europeias, a Itália ficou em segundo lugar no grupo e teve que disputar uma repescagem contra a Suécia. O empate sem gols em Milão selou o vexame: pela primeira vez em 60 anos, a Azzurra ficou fora da Copa.

Depois disso, Roberto Mancini assumiu o comando e renovou a equipe. O trabalho parecia render frutos quando a Itália conquistou a Eurocopa de 2020, jogando um futebol moderno e envolvente. Mas o sonho durou pouco.
Nas eliminatórias para a Copa de 2022, a história se repetiu: novamente a Itália foi parar na repescagem — e desta vez caiu diante da modesta Macedônia do Norte, em plena Palermo. O país voltou a viver o pesadelo de ver a Copa pela televisão.

O FUTURO INCERTO

Em 2025, a seleção tenta se reconstruir sob novas lideranças, com jovens como Barella, Donnarumma e Chiesa. A Federação Italiana de Futebol busca reformar o sistema de base e incentivar o uso de atletas locais nas equipes da Serie A, que há anos se apoia em estrangeiros.

A esperança é que, até a Copa de 2026, a Azzurra volte ao seu lugar de direito entre as potências do futebol. Mas o caminho é longo — e a ferida, profunda.
A ausência em duas Copas consecutivas marcou uma geração inteira e virou símbolo de uma crise que ultrapassa o campo: é também um reflexo da perda de identidade e da falta de ousadia de um futebol que já foi referência mundial.

UM GIGANTE ADORMECIDO

A Itália ainda é uma potência em história, tradição e paixão. O que falta é transformar essa herança em energia para um novo ciclo vitorioso.
Porque o futebol mundial é diferente sem a camisa azul desfilando nas Copas. E o mundo espera — com saudade — o dia em que o hino italiano voltará a ecoar em uma final de Mundial.

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