Desafios, poder e cooperação na construção da maior hidrelétrica binacional do planeta
Por décadas, Brasil e Paraguai olharam para o rio Paraná e imaginaram um futuro movido a energia limpa, abundante e estratégica. Foi assim que nasceu Itaipu, uma das maiores usinas hidrelétricas do mundo, um colosso que transformou paisagens, economias e relações internacionais. Construída inicialmente entre 1975 e 1984, Itaipu é considerada, até hoje, um dos maiores feitos de engenharia da história humana.
Mas erguer essa gigante não foi uma tarefa simples. A obra exigiu tecnologia inédita à época, intensa negociação política e uma verdadeira operação de guerra para domar um dos rios mais fortes da América do Sul.
Uma parceria que virou história
O entendimento entre Brasil e Paraguai foi oficializado com o Tratado de Itaipu, assinado em 1973. Ali ficou estabelecido que a energia gerada seria dividida igualmente entre os dois países — e que o excedente paraguaio poderia ser vendido ao Brasil. Em 1974, nascia a Itaipu Binacional, empresa encarregada de projetar, construir e operar a usina.
Antes mesmo de qualquer concreto ser despejado, Itaupi já se mostrava um desafio diplomático gigantesco: dois países, duas línguas, duas legislações, mas um objetivo comum.
O desvio de um gigante
Para construir a barragem, foi preciso desviar o curso natural do rio Paraná — um dos maiores feitos técnicos do projeto. Um canal monumental foi escavado para que as águas fossem temporariamente redirecionadas, permitindo erguer a estrutura que alcança 196 metros de altura e quase 8 km de extensão.
O volume de concreto utilizado superou o de obras icônicas como o Eurotúnel, que conecta Inglaterra e França. E máquinas colossais trabalharam dia e noite para escavar, nivelar e moldar o terreno.
A força de 40 mil trabalhadores
No auge das obras, mais de 40 mil pessoas se dedicavam à construção. Vieram empregados de todas as regiões, e uma verdadeira cidade precisou ser criada para abrigar essa população: moradias, transporte, educação, saúde e lazer fizeram parte do projeto social da obra.
Mas o desenvolvimento teve um preço: famílias ribeirinhas foram realocadas e áreas naturais alagadas para formar o reservatório — mudanças que transformaram para sempre o ambiente e o modo de vida local.
Tecnologia que rompeu limites
As turbinas e geradores instalados eram dos mais avançados da época. Cada unidade possui potência capaz de alimentar cidades inteiras — e a usina opera hoje com 20 turbinas, último estágio de implantação concluído somente em 2007.
Quando entrou em funcionamento, em 1984, Itaipu já era a maior usina hidrelétrica do mundo em operação. E ainda ostenta títulos impressionantes: detém recordes históricos de geração anual de energia e permanece como referência global em engenharia e gestão hidrelétrica.
Energia para o presente. Inspiração para o futuro.
Hoje, Itaipu é responsável por uma parcela essencial do abastecimento energético da região:cerca de 8,7% da energia elétrica consumida no Brasil
cerca de 90% da energia usada no Paraguai
Além da produção, o projeto se expandiu para áreas socioambientais, com destaque para a proteção da fauna e flora ao redor do lago, pesquisas hídricas e programas de preservação cultural.
Mais que uma barragem: um símbolo
Itaipu não é apenas cimento, aço e turbinas. Ela representa:• cooperação entre países, antes distantes politicamente• desenvolvimento econômico sustentado por energia limpa• engenharia ousada, que venceu a força da natureza• aprendizado social e ambiental, que segue evoluindo
Sua construção durou cerca de dez anos até o início da operação, e mais de três décadas até a capacidade total — um legado monumental que continua alimentando sonhos e movendo vidas.

cerca de 8,7% da energia elétrica consumida no Brasil
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