sexta-feira, 7 de novembro de 2025

ITAIPU: A OBRA QUE MUDOU O RUMO DA ENERGIA NA AMÉRICA DO SUL

Desafios, poder e cooperação na construção da maior hidrelétrica binacional do planeta

Por décadas, Brasil e Paraguai olharam para o rio Paraná e imaginaram um futuro movido a energia limpa, abundante e estratégica. Foi assim que nasceu Itaipu, uma das maiores usinas hidrelétricas do mundo, um colosso que transformou paisagens, economias e relações internacionais. Construída inicialmente entre 1975 e 1984, Itaipu é considerada, até hoje, um dos maiores feitos de engenharia da história humana.

Mas erguer essa gigante não foi uma tarefa simples. A obra exigiu tecnologia inédita à época, intensa negociação política e uma verdadeira operação de guerra para domar um dos rios mais fortes da América do Sul.

Uma parceria que virou história

O entendimento entre Brasil e Paraguai foi oficializado com o Tratado de Itaipu, assinado em 1973. Ali ficou estabelecido que a energia gerada seria dividida igualmente entre os dois países — e que o excedente paraguaio poderia ser vendido ao Brasil. Em 1974, nascia a Itaipu Binacional, empresa encarregada de projetar, construir e operar a usina.


Antes mesmo de qualquer concreto ser despejado, Itaupi já se mostrava um desafio diplomático gigantesco: dois países, duas línguas, duas legislações, mas um objetivo comum.

O desvio de um gigante

Para construir a barragem, foi preciso desviar o curso natural do rio Paraná — um dos maiores feitos técnicos do projeto. Um canal monumental foi escavado para que as águas fossem temporariamente redirecionadas, permitindo erguer a estrutura que alcança 196 metros de altura e quase 8 km de extensão.

O volume de concreto utilizado superou o de obras icônicas como o Eurotúnel, que conecta Inglaterra e França. E máquinas colossais trabalharam dia e noite para escavar, nivelar e moldar o terreno.

A força de 40 mil trabalhadores

No auge das obras, mais de 40 mil pessoas se dedicavam à construção. Vieram empregados de todas as regiões, e uma verdadeira cidade precisou ser criada para abrigar essa população: moradias, transporte, educação, saúde e lazer fizeram parte do projeto social da obra.

Mas o desenvolvimento teve um preço: famílias ribeirinhas foram realocadas e áreas naturais alagadas para formar o reservatório — mudanças que transformaram para sempre o ambiente e o modo de vida local.

Tecnologia que rompeu limites

As turbinas e geradores instalados eram dos mais avançados da época. Cada unidade possui potência capaz de alimentar cidades inteiras — e a usina opera hoje com 20 turbinas, último estágio de implantação concluído somente em 2007.

Quando entrou em funcionamento, em 1984, Itaipu já era a maior usina hidrelétrica do mundo em operação. E ainda ostenta títulos impressionantes: detém recordes históricos de geração anual de energia e permanece como referência global em engenharia e gestão hidrelétrica.

Energia para o presente. Inspiração para o futuro.

Hoje, Itaipu é responsável por uma parcela essencial do abastecimento energético da região:
✅ cerca de 8,7% da energia elétrica consumida no Brasil
✅ cerca de 90% da energia usada no Paraguai

Além da produção, o projeto se expandiu para áreas socioambientais, com destaque para a proteção da fauna e flora ao redor do lago, pesquisas hídricas e programas de preservação cultural.

Mais que uma barragem: um símbolo

Itaipu não é apenas cimento, aço e turbinas. Ela representa:
• cooperação entre países, antes distantes politicamente
• desenvolvimento econômico sustentado por energia limpa
• engenharia ousada, que venceu a força da natureza
• aprendizado social e ambiental, que segue evoluindo

Sua construção durou cerca de dez anos até o início da operação, e mais de três décadas até a capacidade total — um legado monumental que continua alimentando sonhos e movendo vidas.

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