Durante a Segunda Guerra Mundial (1939–1945), a cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, ganhou uma importância estratégica sem precedentes. O Aeroporto de Parnamirim Field, inaugurado em 1942, transformou a região em peça-chave da rota aérea utilizada pelos Aliados para o transporte de tropas, armamentos e suprimentos. Não por acaso, o local ficou conhecido como “Trampolim da Vitória”.
A localização geográfica de Natal foi determinante: trata-se do ponto mais próximo da África no continente americano, com apenas 2.850 km separando o litoral potiguar de Dakar, no Senegal. Essa curta distância permitia que aviões militares de médio porte, com autonomia limitada, cruzassem o Atlântico de forma mais rápida e segura, garantindo a ligação entre a América e o front europeu e africano.
A construção de Parnamirim Field foi fruto de um acordo entre o governo brasileiro, liderado por Getúlio Vargas, e os Estados Unidos, dentro da política da Boa Vizinhança. Em 1942, o Brasil declarou guerra ao Eixo, após ataques a navios mercantes brasileiros, e a presença militar americana em Natal se intensificou. Estima-se que cerca de 10 mil soldados norte-americanos circularam pela cidade durante o conflito, transformando o cotidiano local.
Além de servir como base aérea, o aeroporto foi um ponto de integração cultural. Muitos natalenses tiveram contato direto com a música, a moda e os hábitos dos estrangeiros. Bares, clubes e casas de espetáculo prosperaram nesse período, e expressões em inglês entraram no vocabulário popular. Ao mesmo tempo, a súbita presença de militares gerou desafios sociais, como o aumento do custo de vida e tensões culturais.
O movimento de aviões em Parnamirim Field foi intenso. Estima-se que mais de 20 mil aeronaves tenham passado pela base durante a guerra, em missões de transporte, abastecimento e patrulhamento. Era um verdadeiro corredor aéreo vital para os Aliados.
Com o fim da guerra em 1945, os americanos devolveram o aeroporto ao Brasil, mas a herança histórica permanece viva. Parnamirim Field consolidou Natal como ponto estratégico da aviação mundial e deixou marcas profundas na memória local. Hoje, é lembrado não apenas como um aeroporto, mas como um símbolo da participação brasileira no esforço global contra o nazifascismo.
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