Fernando Henrique Cardoso, sociólogo e professor, nasceu no Rio de Janeiro em 1931 e construiu sua carreira política em São Paulo. Reconhecido como intelectual, foi um dos fundadores do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e se destacou inicialmente como senador e ministro das Relações Exteriores no governo Itamar Franco. Porém, foi como ministro da Fazenda que ganhou projeção nacional, ao liderar a equipe que elaborou o Plano Real, responsável por estabilizar a economia brasileira.
O sucesso do plano impulsionou sua eleição à presidência em 1994, em primeiro turno, derrotando Luiz Inácio Lula da Silva. Fernando Henrique assumiu o governo em 1º de janeiro de 1995, com a missão de consolidar a estabilidade econômica conquistada. Sua gestão marcou um novo momento da Nova República, pautado pela modernização do Estado, abertura econômica e reformas estruturais.
Uma das principais marcas de seu governo foi a privatização de estatais, como a Vale do Rio Doce, as empresas do setor de telecomunicações e parte do setor elétrico. O objetivo era reduzir o tamanho do Estado, atrair investimentos e modernizar a economia. Essas medidas, embora polêmicas, transformaram setores estratégicos e ajudaram a consolidar o modelo de economia de mercado no Brasil.
No campo social, FHC buscou ampliar programas de combate à pobreza e à desigualdade. Seu governo criou políticas como o Bolsa Escola e o Bolsa Alimentação, que mais tarde seriam unificadas no Bolsa Família, durante o governo Lula. Além disso, investiu em programas de saúde pública, como o Programa de Saúde da Família, e fortaleceu o SUS, expandindo o atendimento básico em todo o país.
Outro ponto de destaque foi a aprovação da emenda da reeleição, em 1997, que permitiu ao presidente e a governadores disputar um segundo mandato consecutivo. Com isso, Fernando Henrique concorreu novamente em 1998 e foi reeleito, em meio à crise financeira internacional que afetava países emergentes.
Durante seu segundo mandato (1999–2002), o Brasil enfrentou dificuldades econômicas, como a desvalorização do real e a necessidade de ajustes fiscais rigorosos. Ainda assim, FHC conseguiu manter a estabilidade conquistada pelo Plano Real, mesmo diante de pressões externas e internas. Seu governo também foi marcado pela ampliação da responsabilidade fiscal, com a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal (2000), que estabeleceu regras claras para o controle dos gastos públicos em estados e municípios.
Na política internacional, Fernando Henrique teve papel ativo, reforçando as relações do Brasil com o Mercosul e com outras nações, além de defender maior integração do país à economia globalizada. Sua postura conciliadora e diplomática projetou o Brasil como um ator importante no cenário mundial.
Ao deixar o cargo em 1º de janeiro de 2003, Fernando Henrique Cardoso encerrou oito anos de governo que marcaram a consolidação da democracia e da estabilidade econômica. Seu legado é lembrado pela responsabilidade fiscal, pelas reformas que modernizaram a economia e pela estabilização da inflação, embora críticas recaíam sobre o aumento do desemprego e a vulnerabilidade social em alguns setores.
Mesmo após a presidência, FHC manteve-se como uma voz influente no cenário político e intelectual brasileiro, sendo respeitado também no exterior por sua trajetória acadêmica e de estadista.
Seu governo é considerado um dos mais relevantes da Nova República, pois estabeleceu as bases de estabilidade econômica que possibilitaram o crescimento do Brasil nos anos seguintes.
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